Política Titulo Reprovação pelo TCE
Crise faz explodir rejeição de contas de Prefeituras na região

Entre 2014 e 2016, pico da tensão econômica, 13 das 21 balanços analisados foram reprovados pelo TCE

Daniel Tossato
do Diário do Grande ABC
07/01/2019 | 07:24
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A crise econômica que teve início em 2014 fez explodir a rejeição de contas de prefeituras do Grande ABC. Dos 21 balanços econômicos analisados pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) no período nas sete cidades, 13 foram rejeitados – ou seja, 62% de reprovação.

Com a maioria das contas contestadas, Saulo Benevides (MDB), ex-prefeito de Ribeirão Pires, afirmou que a crise foi a grande vilã das finanças. Ele argumentou que nos quatro anos em que esteve à frente da gestão de Ribeirão viu a expectativa de arrecadação da cidade diminuir 30%. “Esse deficit foi criado pela crise. A inflação atingia patamares de 10% a 12% (ao ano), o que tirava muito o poder de crescimento da cidade”, alegou. Ribeirão teve as contas rejeitadas em 2014, 2015 e 2016.

Carlos Grana (PT), que comandou o o Executivo de Santo André entre 2013 e 2016, viu os balanços serem reprovados em dois anos 2014 e 2016. Em um tom mais ameno quanto à crise econômica, já que o País era comandado pela correligionária Dilma Rousseff (PT), ele afirmou que o Paço começou a sofrer somente no ano de 2016, quando a líder petista foi cassada.

“Naquele momento, (a Prefeitura de) Santo André começou a receber poucos repasses do governo federal. Muitos projetos na cidade dependiam de financiamento federal, que acabou estagnando”, alegou. “Não vou chutar um número, mas o repasse caiu significativamente”, disse. Grana também revelou que pretende pedir reexame de suas contas para tentar reverter o resultado.

Ainda sob o comando do ex-petista Donisete Braga (Pros), Mauá teve as contas de 2016 reprovadas. Segundo o ex-prefeito foi em 2016 que a cidade atravessou sua maior crise. “Se analisarmos o cenário de hoje, só ver os Estados, grande parte com dificuldade de pagar funcionários e manter arrecadação. Realmente foi uma crise difícil de atravessar.”

Segundo o ex-prefeito de Mauá, um dos problemas encarados por sua administração foi a falta de repasse das esferas estadual e federal. “Não quero culpar ninguém, mas a gestão anterior (Oswaldo Dias, PT, 2009-2012) também não me entregou a cidade com boas finanças. Isso dificultou um pouco gestão.”

EXPLICAÇÃO

Para o professor de Economia da Universidade Metodista Sandro Maskio, a crise que atingiu o País no período teve característica importante e “dramática”: o tempo de duração. “Uma crise longa dessas faz a arrecadação do poder público cair muito e isso é mais sensível nas prefeituras”, comentou.

Segundo o professor, quando as empresas fecham as portas, o desemprego aumenta e a busca por serviços públicos também dispara. Com isso, a demanda das finanças públicas aumenta e a gestão começa a se complicar porque, do outro lado, há queda de arrecadação de impostos. “Os maiores impactos são na Saúde, em primeiro, e depois na Educação, pois sem emprego, quem gere a família busca ser atendido pela municipalidade e retira os filhos das escolas particulares”, explicou. 




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