Cultura & Lazer Titulo
Megashows incrementam vendas das 'camisetas pretas'
Nelson Albuquerque
Do Diário do Grande ABC
18/10/2003 | 17:11
Compartilhar notícia


A proliferação dos "camisas pretas", como são chamados aqueles que usam camisetas com estampa de grupos musicais, é intensificada quando uma grande banda se apresenta no país. Shows como o do Metallica, no próximo dia 1º, no Pacaembu, em São Paulo, faz as vendas se multiplicarem. "A procura aumenta cerca de 50% nessas ocasiões", afirma Jean Lazare Gantinis, proprietário da Metal CDs, loja da região central de Santo André.

Segundo ele, foi assim no mês passado, por causa da passagem do Deep Purple pelo Brasil, e o mesmo fenômeno se repete agora, com a expectativa pelo Metallica. Na loja Vertigo, também em Santo André, é a mesma coisa. "As vendas começam a aumentar 30 dias antes do show. Uma semana antes, vendemos quase o dobro que o normal e, na véspera, não teremos mais nada à disposição", afirma o proprietário Robson dos Santos.

Quando a agenda musical não contém grandes espetáculos, os campeões de venda são os consagrados Iron Maiden e Led Zeppelin. E a cor preta é a mais requisitada, tanto que a oferta de camisetas nesta cor é de 90%. A Metal CDs, por exemplo, vende, por mês, cerca de 300 peças de vários modelos e os preços variam de R$ 10 a R$ 21, em diferentes casas do gênero.

Quem procura nessas lojas a estampa de seu estilo preferido, corre o risco de cruzar com o gênero que mais detesta. As opções nas araras vão do pop ao trash metal, de Avril Lavigne a Kreator, de símbolos de super-heróis norte-americanos a mensagens anti-capitalistas. Mas apesar das diferenças, a tolerância impera, como sugere uma estampa que diz: "Não importa sua tribo. Somos todos iguais". Não faltam ainda ídolos como Bob Marley e Che Guevara.

Propaganda – A camiseta é mais um produto das bandas e artistas. Além de receberem suas porcentagens com a venda de peças oficiais, ganham de quebra uma propaganda gratuita. Ironicamente, esses consumidores já foram até chamados de "outdoors ambulantes".

Alguns não se intimidam com brincadeiras ou rótulos. "Não uso camiseta só para dizer o que curto ou para provar alguma coisa. Gosto de metal, e o heavy metal é uma filosofia, uma ideologia", afirma a vendedora desempregada Walkiria Guedes de Souza, 20 anos, nascida em Fortaleza e moradora de Santo André há quatro meses.

O responsável pelo movimento Mauá Unidos Pelo Rock, André Paz, 26, diz que gosta de exclusividade. "Compro camisas pela internet, nos sites oficiais das bandas, mas sai caro. Também faço minhas próprias, pintando à mão", afirma.

Mudar de gosto musical pode exigir uma renovação no armário. "Eu curtia metal e tinha umas 15 camisas. Me desfiz de todas. Agora ouço hardcore e tenho camisetas do Offspring e do CPM22", diz o desempregado Arlindo Nogueira da Silva Júnior, 21, de Santo André.

As irmãs Cássia, 20, e Flávia Vicente da Silva Santos, 15, ouvem o mesmo estilo, mas não têm a mesma preferência em relação ao vestuário. "Tenho 15 camisas de banda e sinto prazer em usá-las", afirma Flávia. "Não uso nada de banda, mas gosto do visual black metal, gótico. Uso muito preto e roupas rasgadas", diz Cássia.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;