Comunidade reunida para um dia de festa, com direito a almoço com sobremesa (arroz doce e bolo), brincadeiras, guloseimas e presentes para as crianças. A tradição de Natal do Parque São Bernardo, em São Bernardo, se concretizou pela 19ª vez ontem. Pelo menos 5.000 pessoas foram beneficiadas.

Criado para proporcionar àqueles que não tinham condições refeição digna, o evento hoje simboliza a manutenção do verdadeiro espírito natalino. “Plantamos a semente e vamos cultivando ano a ano para que nunca se perca esse momento de amor, alegria e família reunida”, destaca uma das idealizadoras do almoço, Vilma Ungarelli, 63 anos. Ao lado de José Lemes, 54, ou apenas Zé para os conhecidos, ela ressalta o orgulho de olhar para trás e constatar a evolução da festa. “Os primeiros foram feitos na rua, para 50 pessoas. A gente batia nas casas para pedir doações.”

Para Zé, o mais gratificante é observar o envolvimento da comunidade para que o evento se repita anualmente. Além de 40 integrantes da família Lemes, são 70 voluntários e 2.000 doadores. “É tudo sincronizado. Um cuida da decoração, outro da limpeza, outro fica na cozinha. A coisa flui com alegria”, enfatiza.

Por volta das 12h, assim que as panelas e caldeirões cheios de arroz, feijão, macarrão, frango, farofa e carne assada recém-preparados chegam à Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) Professora Maria Therezinha Bessana, os moradores já se organizam em fila. Desempregada há quase dois anos, a doméstica Marlene Ferreira, 53, levou a neta mais nova, com 1 ano, para passar o Natal em comunidade. A moradora do Parque São Bernardo, que não teve condições de realizar ceia e, não fosse o almoço festivo, teria passado a segunda-feira sozinha, compreende a importância da ação social. “Se pudesse, também ajudaria. Só tenho a agradecer pela oportunidade. Pedir, só saúde e paz.”

Dona de casa, Maria de Lourdes Santos, 49, diz que almoçar com os vizinhos no Natal já se tornou tradição em família. “Já venho há muitos anos. Meus filhos (são nove no total) também vieram. Ajuda, ainda mais que meu marido está desempregado”, observa.

Além da refeição, a criançada aproveita cada detalhe da festa, que oferece desde pintura facial e escultura em bexiga até distribuição de algodão doce e de balas, pelo Papai Noel. O momento mais aguardado pelos pequenos é a escolha de brinquedos. Organizados por senha, meninas e meninos entram em uma sala cheia de itens, como bolas, bonecas e jogos, e têm direito de levar para casa um presente.

“Quanto mais a gente vê crescendo (a festa), mais quer melhorar. Meu sonho é o de um dia o Papai Noel chegar de helicóptero”, comenta Vilma. Para outro dos organizadores, Benedito da Silva Lemes, o Ditinho da Congada, 65, a principal lição do almoço comunitário é a de que tudo é possível. “Quando a gente começou, não tinha ideia de que chegaria aqui. E agora vemos que o legado permanecerá”, comemora.