O presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou que entrará no STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de suspensão do inquérito que o investiga por supostos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

Em pronunciamento realizado na tarde de ontem, no Palácio do Planalto, Temer alegou a existência de manipulação nas gravações realizadas pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS. “Li hoje (ontem) no jornal Folha de S.Paulo notícia de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o sr. Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada comprovação, levou pessoas ao engano. Por isso, no dia de hoje (ontem), estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação”, atacou.

Temer afirmou mais uma vez que não vai renunciar ao cargo. “Digo com toda segurança, o Brasil não sairá dos trilhos. Eu continuarei à frente do governo”, completou.

O presidente também rebateu a acusação de ter recomendado a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Quero lembrar da acusação de que eu dei aval para a compra de um deputado. Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido adulterada. E não existe porque eu não comprei o silêncio de ninguém”, finalizou.

O inquérito contra o presidente foi autorizado na quinta-feira pelo ministro Edson Fachin, do STF, após pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

As delações feitas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista e pelo diretor da JBS Ricardo Saud já foram homologadas pelo STF e geraram, além da investigação contra Michel Temer, inquérito sobre a atuação do senador mineiro Aécio Neves (PSDB).

Temer ainda criticou o fato de o empresário da JBS estar livre, nos Estados Unidos.