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Hillary Clinton continua censurada na China
Por Joseph Kahn
Do New York Times
26/12/2003 | 18:45
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O editor na China da autobiografia da senadora Hillary Rodham Clinton recusou-se a publicar uma nova edição não censurada de seu livro, e não respondeu às sugestões feitas pela senadora e por sua editora nos Estados Unidos, a Simon & Schuster, para reintroduzir as passagens sobre a China que foram cortadas ou traduzidas parcialmente quando o livro foi lançado no último verão no hemisfério Norte.

Depois de três meses de negociações para o lançamento de uma versão chinesa na íntegra da autobiografia da senadora intitulada Vivendo a História (editada no Brasil pela Globo), a Simon & Schuster enviou na semana passada uma carta formal retirando os direitos de publicação e exigindo a destruição dos exemplares da primeira edição. Uma cópia da carta foi disponibilizada para o advogado da autora.

A versão chinesa do best seller da senadora foi editada pela Yilin de Nanjing, a uma das maiores editoras e com fortes ligações com o governo. O livro causou sensação na China, estabelecendo novos recordes de vendas para uma versão traduzida de memórias de um político ocidental.

Mas quase tudo que a autora escreveu sobre a China, incluindo as descrições de suas próprias visitas, encontros entre o ex-presidente Bill Clinton com líderes chineses e suas críticas sobre o controle e as políticas de direitos humanos do Partido Comunista, foi cortado ou traduzido seletivamente principalmente nas passagens com cunho de crítica ao governo.

A senadora, que soube da censura em setembro, imediatamente protestou e iniciou um período de conversações na tentativa de conseguir uma nova edição do livro com uma tradução mais fiel ao original.

Embora a Yilin tivesse concordado nas conversas em restaurar o material censurado, ela se recusou a incluir tudo o que a senadora escreveu sobre as relações chinesas. Mas a Simon & Schuster afirmou que diante do contrato a editora chinesa se obriga a incluir o material na íntegra.

"Nós sabemos de sua disposição para restaurar algumas passagens indevidamente alteradas na atual edição do livro", escreveu Carolyn Reidy, presidente da Simon & Schuster Adult Publishing Group, em uma carta de encerramento de contrato para a Yilin Press. "Mas infelizmente, parece evidente que vocês não estão preparados para publicar uma "fiel e precisa" tradução do trabalho conforme estabelecido no contrato".

Liu Feng, um dos representantes da Yilin Press, disse na última segunda-feira que a empresa ainda está estudando o pedido de rescisão de contrato e deixou em aberto uma possibilidade para futuras conversações. Mas ele se recusou a fazer outros comentários.




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