Depois de três meses de negociações para o lançamento de uma versão chinesa na íntegra da autobiografia da senadora intitulada Vivendo a História (editada no Brasil pela Globo), a Simon & Schuster enviou na semana passada uma carta formal retirando os direitos de publicação e exigindo a destruição dos exemplares da primeira edição. Uma cópia da carta foi disponibilizada para o advogado da autora.
A versão chinesa do best seller da senadora foi editada pela Yilin de Nanjing, a uma das maiores editoras e com fortes ligações com o governo. O livro causou sensação na China, estabelecendo novos recordes de vendas para uma versão traduzida de memórias de um político ocidental.
Mas quase tudo que a autora escreveu sobre a China, incluindo as descrições de suas próprias visitas, encontros entre o ex-presidente Bill Clinton com líderes chineses e suas críticas sobre o controle e as políticas de direitos humanos do Partido Comunista, foi cortado ou traduzido seletivamente principalmente nas passagens com cunho de crítica ao governo.
A senadora, que soube da censura em setembro, imediatamente protestou e iniciou um período de conversações na tentativa de conseguir uma nova edição do livro com uma tradução mais fiel ao original.
Embora a Yilin tivesse concordado nas conversas em restaurar o material censurado, ela se recusou a incluir tudo o que a senadora escreveu sobre as relações chinesas. Mas a Simon & Schuster afirmou que diante do contrato a editora chinesa se obriga a incluir o material na íntegra.
"Nós sabemos de sua disposição para restaurar algumas passagens indevidamente alteradas na atual edição do livro", escreveu Carolyn Reidy, presidente da Simon & Schuster Adult Publishing Group, em uma carta de encerramento de contrato para a Yilin Press. "Mas infelizmente, parece evidente que vocês não estão preparados para publicar uma "fiel e precisa" tradução do trabalho conforme estabelecido no contrato".
Liu Feng, um dos representantes da Yilin Press, disse na última segunda-feira que a empresa ainda está estudando o pedido de rescisão de contrato e deixou em aberto uma possibilidade para futuras conversações. Mas ele se recusou a fazer outros comentários.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.