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Valets acusados de furto de estepes
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/09/2006 | 20:30
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Uma nova modalidade de furto está causando preocupação entre os motoristas da região, principalmente os mais jovens. Depois de passar a noite na balada, em bares, restaurantes ou danceterias, os motoristas voltam ao estacionamento para buscar o carro e, sem perceber, levam para casa o veículo sem o estepe.

Segundo lojas especializadas em venda de pneus, não raramente são atendidos clientes com o mesmo histórico e a mesma reclamação. “A maioria conta que guardou o carro em algum estacionamento pago e depois notou que faltavam peças no interior do veículo, entre elas o pneu do estepe”, diz o gerente da ABC Pneus, Alisson Belavenuto.

O prejuízo, dependendo do modelo do carro, ultrapassa R$ 200. A moradora de São Caetano, Carolina Mattos, foi vítima do crime. Ela só descobriu o furto porque teve de fazer uma revisão no carro. “O pessoal da concessionária me mostrou que trocaram o pneu original do estepe por outro furado”, relata a jornalista.

A desconfiança de Carolina é que o crime tenha acontecido à noite em algum dos estacionamentos que utiliza quando freqüenta bares da região. “Sempre tive a idéia de que meu carro estava guardado. Nunca pensei em conferir se o estepe estava no lugar. Aliás, acho que ninguém tem esse costume”, comenta.

Segundo o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), esse tipo de reclamação é difícil de ser constatado pelo consumidor. Mas, para o diretor jurídico, Marcos Diegues, essa condição não tira a responsabilidade da empresa. “É preciso conhecer as regras. Os estacionamentos não podem dizer, por exemplo, que não seguram os objetos que estão dentro dos veículos. Esse alerta não tem nenhum amparo legal”, afirma.

Os órgãos de defesa do consumidor ainda garantem que o caso exige reembolso, mediante confirmação da responsabilidade da empresa. “O problema está justamente nesse ponto, já que os motoristas preocupam-se, normalmente, em conferir objetos pequenos, como uma aparelho de som, nunca um pneu guardado no porta-malas”, comenta.

Regulamentação – Segundo funcionários dos distritos policiais da região, esse tipo de furto é difícil de ser denunciado por falta de provas. A Secretaria Estadual de Segurança Pública também não fornece dados sobre o assunto, pois não identifica em suas estatísticas trimestrais cada modalidade de furto.

Os delegados dizem que a pessoa descobre depois de muito tempo a ausência do estepe e não tem certeza de onde pode ter sido furtada. Além disso, como não há seguro para o caso, o motorista muitas vezes dispensa o registro de boletim de ocorrência na delegacia.

“De qualquer maneira, fica um alerta para os motoristas cujos carros oferecem acesso externo ao estepe. É preciso tomar cuidado e escolher muito bem o local de estacionamento, principalmente quando resolve-se parar na rua”, diz Belavenuto, da loja de Santo André.

A solução do problema passaria ainda pela regulamentação do setor de valet no país. De acordo com o Idec, não existem leis que controlem esse tipo de prestação de serviço. “Os profissionais envolvidos nesse trabalho não têm regras, muito menos as empresas”, reclama Diegues.

Até lá, os motoristas se defendem sozinhos, com artimanhas criativas. “Depois de pagar R$ 190 por um pneu novo, resolvi prendê-lo com um cadeado. Agora, sei que vai ser mais difícil roubar”, completa a jornalista.



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