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Diadema amarga déficit infantil
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
26/08/2008 | 07:08
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A relação oferta e demanda em Diadema é desproporcional quando o assunto é Educação Infantil. A Prefeitura amargura o maior déficit da região na faixa etária que vai do zero aos 6 anos de idade. São mais de 8.000 menores em casa, por falta de vagas em unidades públicas. O déficit no atendimento colocou a Promotoria em alerta. O município enfrenta uma ação civil pública, cujo objeto é estabelecer um cronograma que permita a criação de novas matrículas no menor espaço de tempo.

Atualmente, a administração dá conta de 16.463 crianças em creches de períodos integral e parcial. O serviço é prestado em unidades próprias ou conveniadas. Para tentar amenizar os números negativos, a Prefeitura ampliou o total de vagas em 350 no primeiro semestre e, até o final do ano, planeja abrir outras 350. Notícia boa, mas insuficiente. Para sanar o problema ou ao menos tentar equilibrar a conta regional - Mauá é a segunda na lista do déficit, com cerca de 5.000 matrículas na fila -, Diadema precisa ousar mais.

A atual secretária municipal de Educação, Márcia dos Santos, garante que planejamento não falta e com metas a longo prazo. "É nossa prioridade. Sabemos que existe uma grande necessidade e estamos trabalhando para atendê-la. É preciso dizer que o município nunca deixou de investir. De 2001 a 2008 fizemos 28 convênios. Talvez por isso a demanda tenha aumentado tanto. As pessoas passaram a acreditar nos nossos serviços", justifica.

Seja qual for o motivo, a situação é caótica e as necessidades, urgentes. Nos conselhos tutelares do município, pais imploram por vagas para conseguir trabalhar e sustentar os filhos. Os adultos, porém, não podem reclamar de falta de oportunidades em salas de aula. Em Diadema, enquanto o Ensino Infantil expõe as falhas do sistema municipal, a Educação de Jovens e Adultos é usada como vitrine.

A cidade oferece diversificados programas que reúnem quase 9.000 estudantes. "Em Diadema, o jovem tem perspectiva de futuro. Depois da escola regular, há chances de continuidade. Temos a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e poderemos contar ainda com uma Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), que oferecem cursos superiores de qualidade", diz.

Mas se os opostos - infantil e superior - revelam contrastes, o período intermediário confirma a realidade da Educação no Estado. O município obteve média 4,8 no último Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), divulgado em 2007, para o primeiro ciclo do Ensino Fundamental, de 1ª a 4º séries. Apesar da nota, Diadema não tem intenção de municipalizar a faixa, mesmo sendo esta uma meta estadual e federal.

Na contramão, a Prefeitura busca investimentos com o Ministério da Educação, alternativa viável e incentivada pelo governo Lula. "É esta a nossa aposta. Vamos melhorar nossos índices de forma gradativa, com planejamento e investimento no professor e numa proposta curricular desenvolvida com alunos, profissionais e comunidade."

1- A Prefeitura não tem planos de municipalizar o primeiro ciclo do Ensino Fundamental. O município conta com apenas seis escolas próprias para esta faixa, que vai dos 6 aos 10 anos (da 1ª a 4ª séries). A maior parte do atendimento é feito pelo governo do Estado, que também assume a responsabilidade de oferecer o Ensino Médio (antigo colegial) aos estudantes de Diadema.

2- Como a prioridade declarada é a Educação Infantil, com alto déficit, a Secretaria de Educação confirma que, para o ano que vem, deve construir uma nova escola, com vagas em creche, na região do Jardim Portinari. A Prefeitura, porém, não informou data para início das obras nem número de matrículas que serão oferecidas na nova unidade.

3- A proposta curricular da Pasta é baseada em sete eixos: dignidade e humanismo, cultura, diferentes linguagens, formação de formadores, meio ambiente, educar e cuidar e democratização da gestão. O conceito municipal não coloca apenas o professor como responsável pelo ensino, mas a estrutura, o currículo pedagógico e os equipamentos oferecidos.




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