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Trafica-se mesmo de tudo

Recentemente, inclusive, muito se tem falado do tráfico um tanto sutil e comum que cuida da compra e venda de influência, prática que tem dado o que falar, sobretudo lá na inóspita terra do ‘Ó'

Por Rodolfo de Souza
29/12/2016 | 07:07
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Muito se tem combatido o tráfico neste mundo, a despeito da prática andar cada vez mais em alta por aí. Trafica-se mesmo de tudo: de drogas, animais, armas e o diabo, até gente. Há de fato uma variedade muito grande de ideias nesse campo, a vasta planície em que se estende o tráfico, palavra que, segundo o bom e velho companheiro Aurélio, significa algo como negócio indecoroso ou coisa que o valha. Apesar de o senso comum já ter aprendido que o vocábulo está mesmo ligado ao ato de se vender aquilo que não se pode comercializar legalmente, distribuindo o objeto proibido para todos os cantos. Nada de tão complicado com relação ao vernáculo. Não é mesmo?

Recentemente, inclusive, muito se tem falado do tráfico um tanto sutil e comum que cuida da compra e venda de influência, prática que tem dado o que falar, sobretudo lá na inóspita terra do ‘Ó’. A definição para o termo diz respeito à situação em que o indivíduo, valendo-se de sua posição social ou poder político, adquire vantagem ou benefícios monetários para si, para os seus ou para a empresa que representa. É disso, diga-se de passagem, que vem sendo acusado o antigo rei da grande nação do ‘Ó’. Aquele que o xerife mais valente do lugar deseja a qualquer preço botar na cadeia. E talvez até consiga, uma vez que, além de estar amparado pela lei manca daquele país de sonhos, dispõe ainda de tanta influência que todos já começam a se render aos seus argumentos e lançar para o antigo rei olhar de soslaio, cheio de desconfiança.

Para isso, contudo, é preciso fechar os olhos para o fato de que o Congresso Nacional daquele reino é o maior reduto no mundo deste tipo de negócio e que ninguém dali viu ou verá o seu nome nos autos processuais do xerife. E tampouco você, amigo leitor, que acompanha as notícias deste mundão de meu Deus, seria capaz de imaginar um único rei, seja lá no ‘Ó’, em Tio Sam ou em qualquer outro reinado de Europa ou Ásia que não faça uso desse expediente antes, durante e depois de seu mandato!

Fica então a indagação: por que só o antigo rei de ‘Ó’ é acusado por isso?!

Dá a até a impressão de que a falta de escrúpulos tenciona alcançá-lo com seus tentáculos para enviá-lo ao calabouço por motivo torpe qualquer. De início, por exemplo, foi acusado da posse ilegal de um castelo à beira-mar que nem grande coisa é, e também por uma propriedade rural que definitivamente não está no nível de político algum do reino. Briga daqui, acusa de lá, cansou, não deu em nada. Agora, partiu o xerife para processar o ex-monarca por causa de outra singela moradia a que também nobre algum na terra do ‘Ó’ se sujeitaria habitar. Não que seja de todo ruim. A questão é que a nobreza está mesmo habituada a garbosos palácios em províncias badaladas, jamais em cidades fabris em que reinam os valores proletários.

Por que, então, logo o rei sujaria as mãos por causa de tão modesta casa se corrupto fosse? Há nobres na terra do ‘Ó’ que enriqueceram a custa do povo do lugar, e que são proprietários da metade do reino e, se bobear, de parte do reino britânico também, sem que venham a ser incomodados por qualquer autoridade metida a besta.

Fica mesmo a impressão de que é preciso prender o antigo monarca, hipotético vilão, que fora para o trono pela vontade popular, só para se conter os nervos da situação que anda com as fraldas sujas de tanto medo de vê-lo novamente no poder. Por isso é necessário pichar sua imagem para garantir que a população oense não volte a dar a ele o seu voto numa possível disputa ao trono.
Mas os recursos se esgotam. E agora? Penso que logo, logo, pela falta do que mais acusar, a ‘Justiça’ não pensará duas vezes em processá-lo por ter avançado o sinal com sua carrocinha. É o jeito.
 




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