Economia Titulo Há cinco anos
PIB do Grande ABC perde peso

Enquanto a geração de riquezas do
País cresceu 50%, a da região avançou 25%

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
18/12/2016 | 07:00
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DGABC


Entre 2010 e 2014 o Grande ABC reduziu, ano a ano, sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) do País. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, em 2010, a representatividade das sete cidades no total dos bens e riquezas produzidos em âmbito nacional era de 2,47%. À época, o PIB regional havia atingido R$ 96,1 bilhões e, o do País, R$ 3,8 trilhões. Em 2014, a geração de riquezas no Grande ABC somou R$ 120,1 bilhões, enquanto que a do Brasil chegou a R$ 5,78 trilhões, e a representatividade da região caiu para 2,07%.

O IBGE divulga os números municipais oficiais com defasagem de dois anos. Mesmo assim, alerta que não se deve deflacionar as receitas das cidades com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é indicador de inflação nacional. Os valores foram revisados pelo instituto neste ano.

No intervalo desses cinco anos, enquanto o PIB nacional cresceu 50%, o regional expandiu a metade, apenas 25%, o que fez com que seu peso na economia brasileira perdesse fôlego e diminuísse um pouco a cada ano.

A redução da contribuição do Grande ABC também se deu na geração de riquezas do Estado de São Paulo. Dos 7,42% alçados em 2010, passou a 6,48% em 2014. Nesse período, o PIB estadual também avançou mais do que o da região, 43%, para R$ 1,86 trilhão.

RAIZ DO PROBLEMA - Na avaliação do coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a perda de participação na economia brasileira se deve ao fato de muitas empresas terem saído do Grande ABC nos últimos anos. “Certamente outras regiões do País estão se desenvolvendo e atraindo a geração de emprego e renda para essas localidades. O maior problema é que as sete cidades compõem uma região, mas nunca se viram com uma, devido à heterogeneidade de interesses. Não é à toa que perdemos participação no PIB nacional. Só a tradição não basta. Muitas montadoras que vieram ao Brasil nos últimos anos não se estabeleceram no Grande ABC.”

Balistiero aponta que a falta de unidade pode ser vista no dia a dia, como na Avenida Lauro Gomes, que liga São Caetano a São Bernardo, passando por Santo André. “Na frente da Mauá e da Fundação Santo André há curvas muito ruins, que mostram o abandono e a falta de integração nas divisas. O mesmo ocorreu quando houve o rebaixamento da Avenida Lions, de São Bernardo, que quando chegava a Santo André havia tinha semáforo para pedestres que atrapalhava o trânsito. Até que foi construída passarela, mas demorou. Precisamos questionar por que existe o Consórcio Intermunicipal e qual seu papel. Cadê o parque tecnológico? Vai sair do papel no dia em que o trem bala, sobre o qual se fala há 40 anos, chegar à região. Cadê a fábrica dos aviões-caça?”

O secretário-executivo do Consórcio, Luís Paulo Bresciani, rebate que redução na participação se deve ao fato de haver maior concentração de indústrias no Grande ABC, que estão sofrendo mais com a crise. “Se a economia brasileira decresce, na região a redução se dá em ritmo maior. Isso porque a indústria responde por 30% do PIB das sete cidades, o dobro da representatividade no País. Por isso, temos buscado a diversificação da nossa atividade econômica, a fim de revitalizá-la”, diz.

Bresciani destaca que houve aposta no setor aeroespacial, porém, retardamento ocasionado pela crise atrasou o processo de desenvolvimento desse ramo na região. Quanto ao parque tecnológico, conta que a iniciativa de Santo André retornou à pauta regional no segundo semestre, pois em novembro o Consórcio contratou projeto de concepção e implantação, que dever ser concluído até meados de 2017.

Questionado sobre a falta de oferta de incentivos fiscais regionais a fim de reter e atrair empresas, ele assinala que cada município possui sua carga tributária, e que esta é questão secundária. “O maior problema está no macroeconômico, no câmbio, nos juros altos, no crédito escasso, na alta das importações e na queda do consumo de bens duráveis. E o Grande ABC tem pouca disponibilidade de terreno, o que eleva seus preços. Por esses motivos, a tributação local é pouco relevante.”


Sete cidades ainda detêm a 4ª maior geração de riquezas

O movimento de perda de participação na economia do Brasil não é exclusivo do Grande ABC, de acordo com o IBGE, pois tem ocorrido em toda a região Sudeste e capitais. Tanto que, apesar da redução no ritmo de crescimento, juntas, as sete cidades ainda concentram o 4º maior PIB do País, posto que ocupam, caso fossem uma só cidade, pelo menos desde 2008.

Na análise por município, no entanto, todos perderam posições no ranking de 2013 para 2014. São Bernardo, que ocupava o 13º lugar, cedeu espaço para Guarulhos e Recife e foi ao 15º. Santo André deu seu posto a Uberlândia e Duque de Caxias, e passou de 22º a 24º. São Caetano perdeu cinco posições, e atingiu a 49ª colocação. Diadema caiu três, para 60ª. Mauá, uma, para 74ª. Ribeirão recuou 20 postos. ao 313º e, Rio Grande, 85 posições, à 1.096ª. O Brasil possui 5.570 cidades.  




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