Nacional Titulo
PUC e ANP realizam estudo sobre indústria do petróleo
Do Diário do Grande ABC
05/06/1999 | 12:04
Compartilhar notícia


A indústria brasileira de bens e serviços para o setor de petróleo garante ter capacidade para atender 60% da demanda a ser aberta com a quebra do monopólio, que será consolidada nos próximos dias 15 e 16 com a licitaçao de 27 áreas de oito bacias sedimentares brasileiras. Desenvolvida ao longo dos últimos 40 anos pelos investimentos da Petrobras, esta indústria diz que só depende de isonomia tributária com a concorrência estrangeira para nao apenas disputar o mercado que se abrirá no país, como ser competitiva internacionalmente.

Como a maior parte da produçao nacional de petróleo está em águas profundas, é para este campo que a indústria brasileira precisa estar direcionada. Estudo feito pela PUC-Rio para a Agência Nacional do Petróleo (ANP) estima que a capacidade de fornecimento local competitivo de bens e serviços para a exploraçao e desenvolvimento da produçao de um sistema flutuante está em torno de 60%. Em blocos situados em lâminas d'água mais rasas, os percentuais seriam maiores, e na produçao em terra poderiam chegar a 100%. ``A indústria que se desenvolveu para servir à Petrobras conta hoje com milhares de empresas fornecedoras de bens e serviços, além de centros de pesquisa de renome internacional', afirma Roberto Benjamin, um dos criadores do movimento Compete Brasil, hoje integrado à Organizaçao da Indústria do Petróleo (Onip), que trata dos estímulos à competitividade dos fornecedores instalados no país.

Importaçao de máquinas- Um sistema de produçao típico para a Bacia de Campos, onde estao as maiores reservas do país, divide-se em três partes: flutuante, submersa e poço. Para a parte flutuante, é necessário importar as grandes máquinas (turbo-compressores e turbo-geradores) e o turret (sistema que fixa um navio-plataforma ao fundo do mar), que representam cerca de 33% do investimento desta parte. Para a parte submersa, precisam vir de fora os sistemas de controle e conectores, que correspondem a 40% do investimento. E para o poço, aluga-se sondas para perfuraçao dos poços exploratórios. O estudo da PUC estima esta importaçao em 26% para sondas convencionais e 54% para sondas de posicionamento dinâmico.

Roberto Benjamin ressalta que se as companhias petrolíferas sao as grandes investidoras, as empresas fornecedoras de bens e serviços sao as geradoras de empregos. ``Podemos dizer que cerca de 80% dos investimentos no setor petróleo sao orientados para as fornecedoras', avalia. Atualmente, os projetos sao contratados de forma integrada, com empresas denominadas main contractors, que nao só desenvolvem e constroem as unidades, como podem até operá-las durante toda a sua vida útil, como um serviço à companhia de petróleo. Os campos gigantes de Barracuda e Caratinga, que produzirao mais de 300 mil barris/dia, serao desenvolvidos por main contractors. Existem empresas brasileiras que atuam desta forma, sendo comum a formaçao de consórcios e alianças, inclusive com empresas estrangeiras. Apesar do projeto de Barracuda/Caratinga estar sendo disputado por quatro empresas estrangeiras, o estudo da PUC considera que existe competitividade local, inclusive com empresas nacionais se destacando no exterior.

Boa oferta local- A licitaçao das 27 áreas representará um aumento da demanda de materiais e equipamentos, mas o estudo da PUC estima que a indústria nacional só precisará ampliar o seu nível de atendimento a partir de 2002. A conclusao do trabalho da PUC é a de que ``nos próximos cinco anos, para todos os segmentos do setor petróleo, o parque supridor nacional de materiais, equipamentos e serviços, está apto a atender a demanda esperada'.

O secretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, diz que a indústria instalada no Brasil se espalha por oito estados, mas as empresas que estao vindo para o país se instalarao preferencialmente no Rio, por uma questao de logística. ``O Rio tem grande capacidade de prestaçao de serviços por conta da proximidade física com os campos e de canteiros naturais', afirma. Sao Paulo tem uma indústria forte de bombas e válvulas para o setor do petróleo, enquanto o Rio de Janeiro fabrica amarras e equipamentos submarinos, como o da recém-inaugurada fábrica da DSND Consub, em Niterói.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;