Cultura & Lazer Titulo
Sangue latino
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
04/09/2010 | 07:02
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"Vivia numa casa em que se falava espanhol, respondia português e estava tudo certo", conta a cantora Marina de la Riva, que apresenta show de lançamento do seu primeiro DVD, Marina de la Riva Ao Vivo em São Paulo (Mousike/Universal Music, preço médio R$ 44), hoje, no Auditório do Ibirapuera, na Capital.

A declaração serve para que se entenda que a música que ela traz não carrega subgêneros. É a própria expressão de si mesma, metade brasileira e metade cubana, dando vazão aos laços - e traços - que traz no sangue (mineiro por parte de mãe, cubano por parte de pai e fluminense de berço).

No disco em que se lançou, em 2007, essa relação já estava explícita. Sambas, marchas e baiões brasileiros e habaneras, congas e afoxés da ilha davam o tom a clássicos como Sonho Meu, Ta-Hí, Tin Tin Deo e Drume Negrita. Agora, com o DVD, as identidades ganham corpo e se ampliam.

"Estar no palco é algo que acresce, um caminho que flui. A energia entre artista e público é forte. Posso crescer e me entregar mais, correspondendo ao clima", conta Marina.

A obra traz repertório que ficou de fora do álbum, como Pedacito de Cielo, Adivinha O Quê? e Bloco do Prazer.

"Quis um tom lúdico no DVD, com tratamento de cor e luz. Meio filme noir, meio jazzy, como se fosse a representação do meu inconsciente."

Documentário feito em Cuba, quando ela esteve pela primeira vez lá, já para gravar o disco, complementa o registro. "Quis documentar o meu caminhar, materializar as fantasias que vivi na minha casa, com toda a representação de, ao mesmo tempo, estar no país amado, sentir saudade e conservar suas raízes", revela.

DOIS POVOS
Para destacar o que considera mais puro nestas canções, Marina escolhe a clave cubana, "a essência, o espírito da música de Cuba", e o samba feito em violão - "acho única a suavidade, o ritmo e o balanço que o brasileiro tem poder de tirar do violão. É uma música cheia de nuances."

As similaridades entre os povos, para ela, são muitas. A primeira é partilhar a "Mãe África". "São pessoas com firmeza de caráter, suingue e humor peculiar. Claro que é muito individual a maneira com que se expressam", entende a cantora, que emenda que nem a cultura cubana precisa de implemento brasileiro, nem vice-versa e nem esta é a sua intenção. "Por mais que eu fale em nome dessas duas bandeiras, esses países conservam independência cultural. Não há carências por nenhuma das duas partes. Eu que sou misturada."

O momento, com a consolidação de cantora única no cenário nacional, ainda é muito pouco, perto do que está por vir. "Gosto daquela frase que diz que nem nós, nem o rio que atravessamos, somos os mesmos uma segunda vez. Eu fiz um disco, era uma; comecei a me apresentar, outra. Em seguida, o convívio com outros artistas, o público, me transformaram novamente. Aprendi o quão é difícil conciliar o show com o business. Minhas escolhas não foram simples, meu repertório não vai à favor da corrente. É bom ter a sensação de ter acertado duplamente, seguindo meu caminho em busca de mim, da minha origem, do que eu mais gosto e recebendo uma boa recepção disso", finaliza.

Marina de la Riva - Show. No Auditório do Ibirapuera - Av. Pedro Álvares Cabral, São Paulo. Tel.: 3629-1014. Hoje, às 21h. Ingr.: R$ 30.




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