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Preso vendedor de carros 'fantasmas'
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
19/02/2006 | 07:56
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Policiais do SIG (Serviço de Investigações Gerais) da Delegacia Seccional de São Bernardo desmantelaram um braço ainda em atividade da organização encabeçada pelo golpista Luiz Carlos Bravim, preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) da cidade há quatro meses, acusado de negociar pelo telefone carros zero km que não existiam. Juvêncio Soares de Andrade, 40 anos, o Magrão, que supostamente mantinha os negócios de Bravim em atividade, foi preso na última quinta-feira, em Bragança Paulista, no interior do Estado, onde morava. A técnica em enfermagem Andréa Araújo, 32, de Santo André, foi presa na sexta-feira, sob acusação de fornecer linhas telefônicas para a quadrilha. As investigações apontam que Bravim continuava comandando todas as operações de dentro da cadeia. Ele teria quatro celulares, que não foram encontrados no CDP. Magrão e Andréa estão presos em dois distritos policiais de São Bernardo.

Magrão vinha sendo investigado desde a prisão de Bravim. A base de operações de Bravim funcionava em Jundiaí, também no interior de São Paulo, e ele é acusado de lesar cerca de mil pessoas até a época em que foi preso. Seduzidas por anúncios tentadores publicados em jornais de grande circulação e sites especializados, as vítimas depositavam as quantias ditadas por telefone pelo estelionatário, mesmo sem nunca terem visto o veículo. Bravim se dizia funcionário de montadoras, muitas delas da região.

A estratégia do sucessor era a mesma, com a diferença que a base de operações ficava na zona Leste da capital. Em suas últimas negociações, gravadas pela polícia, ele afirmava às vítimas que era gerente de um dos departamentos da Volkswagen. A empresa reforça, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vende diretamente ao consumidor. A cada telefonema de pessoas interessadas, o acusado revelava um nome diferente. Não há estimativa de quantos golpes foram concretizados pe-lo acusado Magrão.

As investigações mostraram também que Magrão era a ponte do chefão com um esquema de vendas de contas-corrente que se concentra no Sul do país. "O acusado era a ponte entre Bravim e pessoas do Paraná responsáveis por repassar os números das contas em que os valores eram depositados. A parte mais difícil do golpe era fazer o saque. "Tinha de ser muito rápido (antes de o comprador descobrir que havia sido enganado)", diz o investigador do SIG Roberto Alonso. Na base de Magrão, foram encontrados celulares e uma cópia de documento de uma vítima que havia feito boletim de ocorrência dois dias antes de sua prisão. Ela havia depositado R$ 5 mil.

Mesmo com o suporte de Magrão, Bravim também negociava diretamente com outros comparsas, de dentro do CDP. Há gravações de conversas em que ele pede números de contas a um homem não identificado e requisita mais linhas telefônicas a Andréa. "Ela conseguia adquirir linhas telefônicas usando documentos de terceiros. As linhas eram instaladas em casas desocupadas e iam somente até o poste, nunca havia aparelhos de telefone nas casas", explica o investigador Alonso. Segundo apontou a investigação, a técnica em enfermagem provavelmente tinha ajuda de técnicos de telefonia de empresas terceirizadas. "Essas pessoas redirecionavam as linhas de telefone fixo para os celulares", diz Alonso.

Os possíveis envolvidos já foram chamados para prestar esclarecimentos. De acordo com o investigador, há mais mandados de busca de possíveis envolvidos no esquema. Seriam pessoas responsáveis por diversas etapas operacionais da organização.




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