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Juros altos e dívidas freiam vendas nos supermercados
Por Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
25/08/2005 | 08:45
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A manutenção da taxa de juros em patamar elevado e o alto nível de endividamento do consumidor começam a segurar as vendas dos supermercados. Em julho, o consumo no setor registrou queda real (ou seja, descontada a inflação) de 0,16% em relação ao mesmo mês do ano passado, acompanhando o ritmo de forte desaceleração a partir de março. A constatação é da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), que divulgou quarta-feira o Índice Nacional de Vendas do setor.

De acordo com o levantamento, no acumulado do ano – de janeiro a julho – o setor supermercadista está positivo: vendeu 3,11% mais que no mesmo período do ano passado, segurado pelas boas vendas do primeiro semestre. A expansão, no entanto, ficou abaixo do crescimento de 4,6% registrado no comércio e dos 5% de incremento da produção industrial no mesmo período.

A retração de julho contra o mesmo mês do ano passado revela um contraste com o primeiro trimestre deste ano, que presenciou momentos de euforia com uma das melhores performances em vendas dos últimos cinco anos, na avaliação de João Carlos de Oliveira, presidente da Abras.

"Até a Páscoa, tudo ia bem para o setor. Março registrou crescimento muito acima do esperado tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação com março do ano passado, 13,07%. Desde então, as vendas entraram em ritmo de queda. E assim deve se manter", diz.

Na comparação a igual período do ano passado, abril contabilizou retração de 3,22%; maio, -0,27%; e junho, de forma tímida, cresceu 0,69%. No entanto, em comparação ao mês anterior, julho vendeu 5,82% mais, em razão das férias escolares e da colaboração do calendário – julho de 2004 teve 30 dias e quatro finais de semana, enquanto o mês passado acumulou 31 dias e cinco finais de semana.

Segundo o presidente da Abras, as previsões de crescimento de vendas para o ano tiveram que ser revistas. "Esperávamos crescer, no mínimo, entre 2,5% e 3%. Mas, na melhor as hipóteses, a expansão deve chegar a 2%. Não acredito em aumento superior a isso, já que a economia em geral está em desaceleração, o que afeta diretamente o varejo", completa Oliveira.

O diretor da rede de supermercados Joanin, Rubens Castaldelli Júnior, que possui dez unidades no Grande ABC, confirma o esfriamento das vendas nos últimos quatro meses. "Tivemos períodos muito bons no começo do ano. As vendas estavam em alta, num ritmo surpreendente. Mas, a partir de abril, houve uma queda acentuada", afirma Júnior.

Segundo dele, o último trimestre do ano é tradicionalmente um período de recuperação das vendas. "Nossa aposta está nas vendas de fim de ano. Apesar das oscilações dos últimos meses, devemos fechar o ano no azul."

De acordo com Celso Furtado, gerente de marcas próprias da Coop (Cooperativa de Consumo), de Santo André, as variações de vendas dos supermercados têm animado segmento de produtos mais baratos. "Em vez de comprar menos, muitos tem optado por artigos mais baratos e com qualidade garantida. É por isso que, enquanto as vendas caem em relação ao ano passado, novas marcas e linhas próprias crescem."




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