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Tropa de choque pode invadir cadeia de S.Bernardo
Por Do Diário do Grande ABC
15/04/1999 | 09:07
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O clima continua tenso na Cadeia Pública de Sao Bernardo. A Tropa de Choque da Polícia Militar, que foi acionada nesta quarta-feira para invadir a Cadeia e tentar por fim ao "estado de motim" (que já dura 105 dias) ficou de prontidao durante toda a madrugada, mas até agora nenhuma invasao foi feita.

Nesta quarta, os presos quebraram mais uma das portas internas, ficando a apenas duas portas do setor de carceragem - a três da liberdade. Desde o dia 31 de dezembro último, os detentos têm autonomia para circular livremente entre celas e pátio, pois quebraram todos os cadeados das celas.

Os prisioneiros chegaram a manter o diretor da cadeia, Adalberto Henrique Barbosa, como refém no mês de janeiro. Há cerca de um mês, metade dessas portas foi consertada, mas os presos teriam quebrado todas novamente nesta semana.

O clima piorou desde o domingo passado, quando três presos foram vistos fugindo por túneis nos fundos da prisao. "Nao sei se foram só três", afirmou Adalberto. "Nao temos condiçoes de fazer a contagem dos presos, pois nao temos segurança para isso."

Na tarde de segunda-feira, carcereiros frustraram uma tentativa de fuga em massa. Na oportunidade, para conter os detentos, um dos carcereiros disparou um tiro para o alto ferindo superficialmente o detento Carlos Eduardo Cura, 20 anos. No mesmo dia, outros três presos, jurados de morte, foram transferidos para Diadema.

Grades serradas - A ironia do destino é que, para alimentar os presos com segurança, os carcereiros tiveram de fazer o que normalmente (principalmente nessa cadeia) é feito pelos próprios presos: serrar as grades do teto da unidade. Pelo buraco, eram descidos por cordas engradados com marmitex para o pátio. Durante a operaçao, alguns presos passaram um bilhete para a imprensa pedindo mais "respeito" por parte da direçao da cadeia.

Tropa de choque - "É necessária a entrada da Tropa de Choque para revistar os presos e dar fim ao permanente estado de rebeliao", disse Adalberto nesta quarta-feira, que também reafirmou a necessidade urgente de reformas no prédio. "Há diversas obras para serem feitas, mas os presos nao deixam os operários entrarem." Na semana passada, por exemplo, os detentos impediram a saída daqueles que deveriam ir ao Fórum Criminal para entrevistas de seus processos.

Segundo ele, só falta o planejamento da operaçao de invasao para que ela aconteça. "Há o risco iminente de uma fuga em massa." Adalberto nao acredita que haverá resistência dos detentos, causando um possível confronto entre eles e a Tropa de Choque (nao é preciso lembrar do desagradável exemplo do massacre do Carandiru). "Acho que se a tropa entrar, eles terao inteligência suficiente para acabar com o motim."




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