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CPI vai pedir quebra de sigilo telefônico de legista
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15/10/2005 | 08:22
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A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos decidiu requerer a quebra do sigilo telefônico do médico legista Carlos Delmonte Printes, encontrado morto na tarde de quarta-feira, em São Paulo. A CPI quer saber se o perito que apontou sinais de tortura no cadáver do prefeito de Santo André Celso Daniel, morto em 2002, estava sofrendo algum tipo de pressão ou ameaças.

O rastreamento compreende os últimos seis meses, mas o período que mais interessa à CPI é a partir de 16 de agosto, quando Printes depôs ao Ministério Público e denunciou ter sido censurado pelos superiores. Naquele dia, o perito assumiu compromisso com os promotores que investigam a execução de Celso Daniel de elaborar um laudo complementar sobre o crime.

Para o senador Romeu Tuma (PFL-SP), que integra a CPI, "é fundamental" identificar a relação de chamadas recebidas e realizadas por Printes. "Temos que apurar se ele (o legista) foi coagido para não concluir esse novo laudo ou até para omitir alguma informação", anotou Tuma. "É preciso deixar claro que não estamos desconfiando dele (Printes), o levantamento dos seus contatos não significa que está sob investigação. Não existe nenhuma suspeita com relação a ele."

Na segunda-feira, Tuma entregará requerimento à presidência da CPI sobre o desbloqueio de dados de Printes, que havia sido arrolado pelo Ministério Público para depor como testemunha de acusação dos acusados pela morte de Celso Daniel. "O dr. Delmonte não era apenas um legista, era uma testemunha muito importante", alertou Tuma.

O laudo complementar foi requerido pelos promotores Amaro Thomé Filho, Adriana Ribeiro Soares de Morais e Roberto Wider Filho, que integram o Grupo de Atuação Especial Regional de Prevenção e Repressão ao Crime Organizado. Eles esmiuçam a morte de Celso Daniel e suposto esquema de corrupção na administração do petista. Em seu depoimento, Printes esclareceu que embalsamou o prefeito assassinado "por precaução, viabilizando a realização de exumação para possíveis exames posteriores".

O legista apontou "lesões de queimaduras" nas costas de Celso Daniel e outras agressões, além de sete tiros, inclusive no rosto e no peito. "Todas essas questões poderão ser melhor explicitadas em parecer complementar", ponderou Printes. Os promotores solicitaram a ele, formalmente, a realização do novo laudo e apresentaram 14 quesitos com dúvidas a serem esclarecidas – inclusive se "foram observadas outras fraturas, além das relatadas no laudo, no corpo de Celso Daniel". Para Tuma, "é necessário verificar se depois da audiência no Ministério Público o dr. Delmonte não recebeu ligação desse pessoal que está sob investigação". Printes enfrentava dificuldades familiares e uma forte depressão.




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