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Bush discute ataque ao Iraque com líderes do Congresso
Do Diário OnLine
Com Agências
04/09/2002 | 00:03
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Vão começar as consultas políticas internas da Casa Branca na articulação de um ataque militar contra o Iraque. O presidente dos Estados Unidos, George W.Bush, se reúne nesta quarta-feira com líderes do Congresso para discutir uma ofensiva militar contra o país de Saddam Hussein. O mesmo assunto será a pauta de uma reunião envolvendo o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, e senadores em Washington, também nesta quarta-feira.

O secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, admitiu nesta terça-feira, durante coletiva na Cúpula Rio+10, em Johannesburgo, que o governo americano está discutindo a ofensiva ao Iraque em diversos âmbitos. Apontado como um moderado dentro da postura bélica do governo Bush, Powell admitiu também que o assunto está longe de chegar a um consenso. "Há muitas visões entre os integrantes do governo, fora do governo, no Congresso, nos meios de comunicação, nos debates pela TV, na comunidade internacional. O presidente examina tudo isso e fará saber no momento oportuno como vai tratar o problema", afirmou.

A Casa Branca não precisa de uma autorização do Legislativo para atacar o Iraque, embora tenha afirmado mais de uma vez que não vai se furtar de consultar o Congresso sobre o tema. O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, admitiu que "a questão legal é diferente da questão prática".

Bush e Rumsfeld vão encarar nesta quarta-feira congressistas com uma visão semelhante à de Powell no tocante ao consenso sobre atacar ou não o Iraque. O senador democrata Carl Levin (Michigan), membro de uma comissão parlamentar que trata sobre assuntos bélicos, disse à rede CNN que "a posição da administração (Bush) é muito confusa". O senador Trent Lott, líder da minoria na Casa, respondeu com ironia quando foi perguntado se havia coerência na posição do governo sobre o Iraque. "Gostaria de mais alguns dias antes de responder isso."

Powell é uma voz dissonante no governo americano. Enquanto ele se mostra discreto sobre a política para o Iraque, o vice-presidente, Dick Cheney, disse ser a favor de "um ataque preventivo" contra o Iraque e destacou os riscos da falta de uma ação contra o governo Saddam Hussein.

Nesta quarta-feira, Rumsfeld afirmou que a possibilidade de o Iraque reabrir suas portas aos inspetores da ONU para a vigilância de armas de destruição em massa é uma "dança velha" de Saddam Hussein. Para o secretário, a reabertura aventada pelo vice-primeiro-ministro iraquiano, Tarek Aziz, com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, é um golpe para que Saddam Hussein "ganhe tempo" para se defender de um ataque americano.

Isolamento - Se dentro dos EUA já está difícil para o governo Bush reunir consenso sobre o ataque ao Iraque, fora do país a coisa é ainda mais difícil. A nova tensão entre os velhos rivais foi um dos assuntos mais comentados nos bastidores da Cúpula Rio+10, que discutiu o desenvolvimento sustentável do planeta.

O único país frontalmente aliado aos EUA ainda é a Inglaterra. O primeiro-ministro Tony Blair repetiu o discurso de que Saddam Hussein é "uma ameaça" e prometeu para os próximos dias a divulgação de um dossiê com provas da periculosidade do ditador iraquiano.

A Rússia, por sua vez, avisou que os EUA não podem partir para a guerra contra o Iraque sem consultar o Conselho de Segurança da ONU. E já avisou, de antemão, que a idéia não vai vingar entre os principais países das Nações Unidas.

O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela também fez suas críticas. Ele afirmou que nenhum país pode "fazer justiça com as próprias mãos" e condenou a intenção bélica dos EUA com relação ao Iraque.




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