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Imprensa luta contra tentativas de controle do Governo russo
Do Diário do Grande ABC
03/08/2000 | 11:18
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O grupo russo independente Media-MOST, que possui uma das duas cadeias televisivas de âmbito nacional do país, afirmou esta quinta-feira que nao tem a intençao de se submeter ao controle da gigante estatal do gás, a empresa Gazprom, que teria lançado uma oferta para sua compra.

O chefe-adjunto da administraçao do Kremlin, Vladislav Surkov, explicou ao jornal New York Times que as negociaçoes entre a Media-MOST e a Gazprom sobre uma passagem do controle do grupo de imprensa estavam ``chegando ao fim'.

``É possível que em troca do perdao das dívidas o consórcio seja inteiramente transferido para a Gazprom', disse Surkov, em declaraçao publicada esta quinta-feira. Ele comentava os boatos em Moscou, de que o governo pretendia tomar o controle das duas únicas cadeias de tevê de alcance nacional, a NTV e a ORT.

A NTV é a jóia da coroa de Vladimir Gusinsky, o presidente da Media-MOST, que deve mais de 300 milhoes de dólares à Gazprom, sua principal acionista.

O Kremlin estaria exercendo uma forte pressao sobre a Gazprom para que cobre suas dívidas à Media-MOST, o que obrigaria a companhia a declarar falência ou a negociar a troca de sua dívida por açoes.

A Media-MOST negou nesta quinta-feira as declaraçoes do representante do Kremlin ao New York Times. ``Para começar, Surkov nao está relacionado com nossas negociaçoes com a Gazprom' disse Yelena Bruniassessora, assessora de imprensa da Media-MOST. ``Obviamente, todo mundo sabe que temos dívidas com a Gazprom. Efetivamente, a Gazprom e a Media-MOST mantêm conversaçoes, e essas conversaçoes continuarao até que saldemos nossas dívidas', disse Bruni.

``Mas creio que Surkov e o Kremlin estao tentando nos pressionar através da imprensa. Provavelmente Surkov gostaria que entregássemos (a Gazprom), mas esse nao é o objetivo de nossas negociaçoes', disse a porta-voz.

Além da NTV, a Media-MOST é dona da rádio Ecos de Moscou, do jornal Sevodnya e do semanário Itogi, publicados em conjunto com o semanário Newsweek.

O consórcio tem a reputaçao de ser uma das fontes de notícias mais independentes e de maior credibilidade na Rússia. Ao longo da guerra da Chechênia, por exemplo, a cobertura da NTV provocou a ira dos serviços de segurança russos, que foram objeto de várias reportagens, com críticas a temas delicados para o país, como a corrupçao.

Por sua vez, o magnata do petróleo e de diversos meios de comunicaçao russos, Boris Berezovsky, dono da cadeia de tevê de maior audiência na Rússia, confirmou também que está sob pressao do Kremlin para que ceda o controle acionário de sua empresa.




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