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Prefeitos mandam recados nos desfiles
Bruna Gonçalves
Camila Galvez
08/09/2011 | 07:30
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O desfile cívico em comemoração ao Dia da Independência do Brasil, realizado ontem em Santo André, São Caetano, Diadema e Mauá, deixou os prefeitos emotivos. Todos aproveitaram para falar sobre os problemas das cidades que administram - e do País como um todo - e passar recados sobre o futuro da Nação.

Em Diadema, o prefeito Mário Reali (PT) assistiu ao hasteamento das bandeiras do Brasil, de São Paulo e da cidade, esta última meio emperrada. Após a execução do Hino Nacional pela Banda Lira Musical de Diadema, deixou de lado o tema do desfile, sobre meio ambiente, para falar da campanha do enfrentamento ao crack na cidade. "É um desafio para toda a Nação. Pais, mães, eduquem seus filhos para que eles não se entreguem às drogas."

Apesar de Diadema ser uma das primeiras cidades do Brasil a ter um consultório de rua para atender dependentes, Reali reconheceu que houve poucos avanços. "Promovemos diálogo, mas não conseguimos atrair essas pessoas para o tratamento. E o que vemos é que a internação resolve, mas ainda tenho dúvidas se é a única coisa a fazer."

O prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), aproveitou para ressaltar a importância da participação da família e contar sua experiência nos desfiles andreenses. "Representei minha escola na época do ginásio e o Senai com muito orgulho, várias vezes. É preciso que as famílias incentivem os filhos para resgatar essa tradição."

Ravin também dividiu com o público a necessidade de ampliar a campanha da paz proposta pela deputada federal Keiko Ota (PSB-SP) pelo desarmamento infantil. "Não adianta deixar as armas se não desarmarmos nossas mentes, corações e língua."

Já o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), aproveitou para falar dos problemas financeiros do município. "Tivemos dificuldades até para fazer um ato melhor. Por incrível que pareça, se gasta para fazer um desfile. Mas conseguimos aqui na praça (CF5122 de Novembro)."

Para Dias, a Independência do Brasil tem o significado da busca por bem-estar. "A verdadeira independência será quando todas as crianças estiverem na escola e a população tiver melhores condições de vida."

Em São Caetano, o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) aproveitou para lembrar dos tempos de ditadura. "Hoje temos liberdade, mas é preciso ensinar as crianças e os jovens a valorizar seus direitos, a liberdade de imprensa, a democracia, a cidadania e os direitos humanos." Para ele, educar as crianças é a única forma de garantir que a independência do País continue.

 

Eventos atraem 20 mil pessoas em quatro cidades 

O 7 de Setembro reuniu 20 mil pessoas nas quatro cidades, abaixo da expectativa de 25 mil divulgada pelas Prefeituras. Mesmo assim, quem compareceu estava animado.

Em Santo André, o desfile estava previsto para começar às 9h, mas teve meia hora de atraso, o que não desanimou os 5.000 moradores que foram comemorar a Independência do Brasil. A aposentada Nair de Pinho, 59 anos, moradora do bairro Campestre, levou os cinco netos. "Quando era criança, meus pais sempre me incentivaram e agora faço com meus netos. É uma tradição que precisa ser resgatada."

Uma das netas, Izabela Caroline Lemos da Silva, 10, ficou impressionada ao ver policias e guardas municipais de perto. "Foi difícil acordar, mas valeu a pena."

O auditor do bairro Casa Branca José Caranjorge, 53, segurava a Bandeira do Brasil. "É para mostrar o patriotismo que está no coração."

Em Mauá, o ato cívico na Praça 22 de Novembro recebeu 2.000 pessoas. Muitos moradores assistiram pela primeira vez. "Achei muito bonito. Quando era jovem assistia bastante, mas é preciso resgatar essa tradição, principalmente nas escolas", comentou a boleira Rose Marry Moura, 40, da Vila Assis Brasil.

Em Diadema, a filha de Sheila Cristina Consani, 33, acordou às 3h25 e não dormiu mais. A pequena Joyce, 10, desfilou pela primeira vez. "Ela é a gotinha de água e falou a semana toda sobre o que aprendeu na escola, economia e cuidado com o meio ambiente", disse a mãe, a respeito do tema do desfile, que atraiu cerca de 4.000 pessoas.

São Caetano teve o maior público da festa. A Avenida Kennedy ficou lotada, com cerca de 10 mil pessoas, que aproveitaram a manhã de sol para exercitar a cidadania. O casal Nair e Aldemar Carreira, 74 e 81 anos, mora na cidade há 60 e sempre participa. "É o momento de mostrar o amor pelo nosso País", afirmou Aldemar.

 

Participantes se sentem orgulhosos 

Não são apenas os moradores que ficam admirados com o desfile. Quem participa também fica ansioso e admira a iniciativa da administração municipal. "Participo desde a época do colégio. É uma satisfação e orgulho de ser brasileiro. Foi uma conquista do País e a tradição não pode se perder", explica o segundo-tenente reformado e presidente da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil - seção Grande ABC, Miguel Garofalo, 90 anos.

A estudante Alessandra Begids, 10, estava ansiosa para sua primeira apresentação na fanfarra da escola, tocando corneta. "Acordei disposta, mesmo sendo feriado."

As alunas Alessandra Pilar dos Santos, 6, e Vitória dos Santos, 8, estavam animadas na concentração do desfile. "Minha vó e minha madrinha vieram para assistir", explicou Vitória.

Para a professora de inglês Débora Bogas, apesar de ser considerado um passeio para muitos, o objetivo é resgatar a importância da data. "É um complemento do trabalho feito na escola."

O comandante da Polícia Militar na região, coronel Roberval Ferreira França, enfatizou a importância da data. "Daqui a 11 anos serão 200 anos de Independência do Brasil. Temos um futuro promissor, que depende da população."

Em Mauá, os amigos Rafael Matos de Souza, 10, João Victor Rocha, 10, e Wallacy Rodrigues da Silva, 13, desfilam na banda da oficina cultural do bairro Nova Mauá. "É importante participar e mostrarmos o nosso trabalho", disse João, que participa há três anos.

Para o professor de música responsável pela apresentação Silas Souza Arruda, 24, é um modo de estimular as crianças a praticar uma atividade em vez de ficar nas ruas. (Bruna Gonçalves)




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