Setecidades Titulo
Espera por cirurgia bariátrica é de um ano
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
06/12/2010 | 07:00
Compartilhar notícia


Fazer cirurgia de redução de estômago na região ficou mais difícil depois que a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) deixou de realizar o procedimento, ainda no ano passado. Indicado para casos de obesidade mórbida, quando o IMC (Índice de Massa Corpórea) ultrapassa os 40 kg/m3, o procedimento é realizado apenas no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, no Hospital de Ensino Anchieta, em São Bernardo, e no Hospital Municipal Maria Braido, em São Caetano. As 134 pessoas que estão na fila aguardam, em média, um ano para fazer o procedimento.

A FMABC realizou, em sete anos, 550 cirurgias com caráter de ensino. Há cerca de um ano, porém, não há profissional responsável pela disciplina e o atendimento teve de ser suspenso. Isso prejudicou os gordinhos do Grande ABC, que ficaram com poucas opções de atendimento estruturado.

O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, também interrompeu a realização das cirurgias no fim de 2009. Em seis anos de atendimento, foram realizadas 39 reduções de estômago. Em setembro o hospital retomou o atendimento, e até agora três obesos passaram pela intervenção. Ao menos 16 aguardam pacientemente a sua vez.

No Hospital de Ensino Anchieta, em São Bernardo, é realizada uma operação por mês. O número não é maior porque o procedimento não é credenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, quem arca com o custo é a prefeitura. Em 2010 foram realizadas nove cirurgias, e 18 pacientes aguardam na fila.

Os obesos de São Caetano, por enquanto, são os que recebem o atendimento mais bem estruturado. Desde 2008, a cidade realizou 90 reduções, sem registro de óbitos. Até o fim deste ano, seis pacientes passarão pela intervenção no Hospital Municipal Maria Braido, e 100 estão realizando os procedimentos pré-operatórios.

ANSIEDADE - "Hoje é a última vez que eu venho aqui, hein!" O motorista Antonio Ramos Lombardi, 42 anos, subiu na segunda-feira na mesma balança utilizada pelos funcionários de uma loja na Avenida Kennedy para pesar botijões de gás. É a única que suporta seus 160 Kg. Aliás, suportou. Em breve, Lombardi não precisará mais ir até a loja para saber seu peso. Ele realizaria a cirurgia bariátrica na quarta-feira no Hospital Municipal Maria Braido, em São Caetano, após um ano e meio de espera.

"Eu fumava e tive de parar para depois fazer os exames pré-operatórios", afirmou. O fã de pão francês e morador do Bairro Olímpico é gordinho desde criança. "Passei por bullying na época em que isso nem existia. Cheguei a repetir o ano por faltar nas aulas de Educação Física", relembrou.

E falando em educação física, qual é a primeira coisa que Lombardi quer fazer após a cirurgia? "Quero jogar futebol. Nem lembro quando foi a última vez que joguei. "

Operação é indicada para obesos com IMC maior que 40

A cirurgia bariátrica é indicada para obesos de grau três, ou seja, com IMC (índice de massa corpórea) superior a 40 kg/m3. No entanto, obesos de grau dois (IMC de 35 a 40kg/m3) podem passar pelo procedimento caso apresentem alguma doença associada ao excesso de peso, tais como diabetes, pressão alta, hérnia de disco, entre outras.

Antes, porém, é preciso tentar emagrecer pelos meios convencionais, com a ajuda de um especialista em endocrinologia. Se após dois anos de tratamento o paciente não perder peso, poderá ser encaminhado para a intervenção cirúrgica.

Durante o procedimento, o estômago é grampeado e chega a diminuir sua capacidade de 1 litro para 20 ml. A comida deixa de passar pelo duodeno e vai direto para o intestino. O paciente precisa tomar vitaminas para o resto da vida.

Segundo o cirurgião de obesidade mórbida Geraldo Chaves de Alcântara Júnior, o obeso pode perder de 35 a 40% do peso após um ano e meio de cirurgia. "Para tanto, é preciso fazer dieta e atividade física", destaca.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;