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Máfia albanesa começa a ocupar Kosovo
Por Do Diário do Grande ABC
07/07/1999 | 10:31
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Luxuosos automóveis negros, com vidros fumê e sem placas, vistosas picapes off-road com placas de Vlora (Sul da Albânia). Carros de aparência e procedência suspeita circulam há cerca de dez dias, na desolada rota entre Pec (Noroeste de Kosovo) e Kosovska Mitrovica (Norte). Fica fácil concluir que os motoristas destes veículos nao sao kosovares que voltam com seus pertences dos acampamentos de refugiados da Albânia.

A livre circulaçao, agora possível com a abertura da fronteira entre a Albânia e a província iugoslava de Kosovo, é como um sinal para o reinício de todos os tráficos: de gasolina, de cigarros, de automóveis e, certamente, de drogas. A dois passos do mercado de Kosovska Mitrovica, numa rua cheia de casas calcinadas, um albanês que se autodenomina ``Rexhep' descarrega, à luz do dia, seu veículo 4x4 branco, lotado de caixas de cigarros, galoes de gasolina, telefones celulares e material eletrônico. Na grande avenida em frente à mesquita, nao há comerciante varejista que nao conheça ``Rexhep', de quem falam à meia voz e apontam como ``ex-agente da Sigurimi', a antiga polícia secreta comunista albanesa, que emprestou vários membros aos quadros da poderosa máfia albanesa.

Enquanto alguns se calam quando ouvem a palavra ``máfia', outros nao vacilam em afirmar que o crime organizado albanês já está instalado na cidade. Nermin Bashi, ex-proprietário de um bar em Kosovska Mitrovica, que assegura que já foi contactado pela máfia, enumera uma série de automóveis sem licença. ``A KFOR pensa que sao veículos de refugiados cujas placas foram arrancadas pelos sérvios, mas todo mundo aqui sabe que se trata de comércio de carros roubados'. ``Depois de descarregarem seus produtos aqui, os traficantes albaneses partem carregados de drogas', assegura Nermin, apoiado por outros habitantes de Kosovska Mitrovica.

Desde 1998, a guerra em Kosovo havia levado os traficantes a abandonar temporariamente a rota Sul da heroína, de acordo com estudos divulgados pelo Observatório geopolítico das drogas. Segundo os especialistas, o caminho da droga proveniente do Afeganistao passa por Bulgária, Macedônia, Kosovo e Albânia, antes de chegar à Itália. A ausência de verdadeiras instituiçoes e de polícia na província poderia, assim, permitir a reabertura da chamada ``Rota dos Bálcas'.




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