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Gastronomia não é moleza
Por Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
18/09/2011 | 07:00
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Muitos que admiram os grandes chefs com seus pratos lindos e deliciosos sonham em liderar uma cozinha. Então, procuram cursos superiores em Gastronomia, nas modalidades bacharelado e tecnológico. O primeiro, com duração de quatro anos, dá ênfase na gestão dos empreendimentos do setor, enquanto o tecnológico (diferente de técnico), de dois anos, é mais focado na prática. Esse é o mais concorrido, no qual, por quatro semestres, o aluno aprende desde a parte prática, que é montar pratos e bebidas de cozinhas internacionais, até a administrativa, como gerir um restaurante e comandar a equipe.

"A faculdade não forma apenas chefs, são muitos os cargos nessa área", explica Marcelo Bergamo, coordenador do curso tecnológico de Gastronomia na Universidade Metodista de São Paulo. Depois da faculdade, é possível, entre outras coisas, se especializar em doces, todo tipo de comida tradicional e bebidas; o curso de sommelier, especialista em vinhos, acabou de ser reconhecido.

Quem entra em uma das classes se depara com estudantes jovens - com número equilibrado entre homens e mulheres - que adoram cozinhar. Mas também há os mais velhos que, muitas vezes, já têm um restaurante e querem se especializar.

Aluna do primeiro ano, Mariana Brito do Nascimento, 19 anos, de Santo André, ajuda o pai na lanchonete e já criou um lanche. Depois de formada, pretende estagiar na França e abrir restaurante próprio. "Sei que preciso me esforçar e trabalhar muito, mas tenho prazer em ver as pessoas comendo." Mais do que saber cozinhar bem, o profissional precisa ser superorganizado e conhecer todas as funções do restaurante. "Manter a banca e os utensílios limpos é essencial", ressalta o coordenador da Metodista.

É indispensável nunca parar de se informar e degustar novos sabores, porque a área é cheia de novidades. Estágios em restaurantes também são importantes, bem como experiência no exterior, além de boa relação com fornecedores. "Há prazo para os alunos entregarem pratos para degustações e serem avaliados, mas nada se compara à realidade de um restaurante", avisa Ingrid Schmidt-Hebbel, coordenadora do curso de Gastronomia do Senac. O investimento não é baixo. A mensalidade varia em torno de R$ 800 a R$ 2.000. Além disso, é preciso arcar com os custos de uniforme e utensílios de cozinha.

Deistência - Curtir cozinhar e comer é importante, mas não basta. Para se dar bem é preciso garra, sorte e se conformar que vai trabalhar enquanto os outros se divertem. O salário inicial - em torno de R$ 900 - também não anima. Segundo o Ministério da Educação, o índice de evasão do curso de gastronomia está acima da média: um terço desiste. "Como não há órgão que regulamenta a profissão, fica complicado estabelecer piso salarial. É muito variável", diz Marcelo Bergamo.

Com o curso concluído, Bruno Daros, 22, de Santo André, sente-se frustrado. Trabalhou por um ano em restaurante japonês e agora faz cursinho para prestar vestibular para Administração. "Vi que a faculdade não fez tanta diferença. O que conta é experiência. É complicado entrar no mercado", diz Bruno, que deseja ter um restaurante. "Agora, cozinho para a família e os amigos."

Onde estudar? - No Grande ABC, o curso superior de Gastronomia é oferecido pela Universidade Metodista, em São Bernardo (4366-5580), e Faculdade Anhanguera, em São Caetano (4233-6000). Em São Paulo, tem Anhembi Morumbi (3847-3000) e Senac (0800- 8832000). Há ainda os técnicos que podem ser feitos durante o Ensino Médio, como os das ETECs Carlos de Campos (3311-7098) e Prof. Camargo Aranha (2694-6733), em São Paulo.




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