Os trabalhadores da área de produção da fábrica da Volkswagen em São Bernardo terão licença remunerada hoje e amanhã. A justificativa da empresa é de que busca ajustar seus estoques à demanda do mercado. Os dois dias de folga vão se somar às férias coletivas, que já começam na unidade fabril na segunda-feira (dia 15) e vão até dia 5 de janeiro.

A companhia informou, por meio de comunicado interno aos funcionários, que o “cenário de retração da indústria automobilística no País nos últimos anos e o aumento da concorrência ao longo dos últimos anos impactaram os resultados da Volkswagen do Brasil e, em especial, da unidade Anchieta”. De acordo com o informe aos empregados, no acumulado de janeiro a novembro de 2014, a indústria automotiva brasileira já amargou uma queda de 8,1% nas vendas e de 41,4% nas exportações de carros e comerciais leves sobre mesmo período de 2013, que resultaram em retração de 15% na produção.

E a montadora diz ainda que tem adotado, desde 2013, diversas medidas de administração do efetivo excedente, em entendimento com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, como férias coletivas, banco de horas, redução da contratação de prestação de serviços, suspensão temporária de contrato de trabalho (lay-off), entre outras, mas que esses instrumentos não são mais suficientes. Como saída, a Volkswagen havia negociado com a entidade dos trabalhadores o congelamento dos salários em 2015 e reajuste abaixo da inflação em 2016, com a oferta de abonos nesses dois anos, em troca de trazer novos projetos de veículos para a fábrica até 2018 e não fazer demissão em massa, já que, devido à fraca demanda, haveria 2.100 postos excedentes na unidade. No entanto, assembleia dos funcionários, na semana passada, rejeitou essa proposta. Ainda, de acordo com o comunicado, a montadora informa que, sem essas condições, não tem como seguir acordo firmado em 2012, que previa manutenção de empregos até 2016.

RUMORES - Há rumores dentro da fábrica, não confirmados pela empresa, de que a Volkswagen estaria se preparando para enviar cartas de demissão durante os dois dias de licença, entre hoje e amanhã. O sindicato diz que ainda há debate dos funcionários com a montadora para a busca de soluções negociadas e que não iria admitir medidas unilaterais. Caso cortes ocorram, a entidade pretende mobilizar os trabalhadores.