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Três PMs são presos por morte de jovem

Policiais são suspeitos de participar do homicídio de rapaz em casa noturna de Mauá na sexta

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
15/10/2014 | 07:00
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A Justiça paulista decretou a prisão temporária de quatro pessoas suspeitas de terem participado da morte do jovem Rafael Mendes Caetano, 23 anos, que foi espancado e atirado do mezanino de uma casa noturna em Mauá na madrugada de sexta-feira. Entre os quatro presos, três são policiais militares e outro é um homem de 28 anos que não teve a identidade divulgada. Outros cinco policiais estão recolhidos administrativamente na Corregedoria da PM (Polícia Militar), no bairro da Luz, em São Paulo.

Os três policiais presos – um cabo do CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6) e dois soldados do 30º Batalhão, de Mauá, estão no Presídio Romão Gomes, na Capital. O outro suspeito foi levado para a Cadeia Pública de Santo André. A prisão temporária do quarteto foi solicitada na noite de segunda-feira pelo titular da Delegacia Sede, Alberto José Mesquita Alves. Os outros cinco militares ficarão afastados por até cinco dias para facilitar a investigação. O comando da PM se recusou a divulgar os nomes dos envolvidos.

Segundo Alves, os detidos assumiram ter participado da confusão, mas negam ter jogado o rapaz do mezanino, localizado a cinco metros do chão. Os três militares deverão responder pelos crimes de homicídio qualificado, omissão de socorro e prevaricação. As investigações ainda não foram finalizadas.

A PM informa que “o processo administrativo que poderá resultar na exclusão dos policiais da corporação corre em separado e paralelamente ao processo penal”, mas não fornece detalhes. A Polícia Militar acrescenta ainda que, “até o momento”, o atendimento da ocorrência não é objeto de apuração. Segundo testemunhas, uma viatura teria passado no local após o tumulto, mas, após conversar com pessoas que estavam dentro da boate, deixou o local sem prestar qualquer tipo de socorro.

A confusão ocorreu por volta de 2h, quando Rafael teria oferecido bebida a um grupo de homens sentados à mesa do lado. Os indivíduos teriam se irritado ao ser chamados de “parça” e partiram para as agressões com socos e coronhadas. Após jogarem o rapaz, foram embora normalmente. A vítima foi internada com traumatismo craniano grave e morreu na segunda-feira.

Enterro será hoje, às 9h, na Vila Humaitá, em Santo André

O corpo do jovem Rafael Mendes Caetano, 23 anos, foi velado ontem durante todo o dia no Cemitério Memorial Jardim Santo André, na Vila Humaitá. O enterro será hoje, às 9h.

Amigos e familiares se despediram do jovem, mas sem esquecer do pedido de justiça em relação ao caso. Cartazes com os dizeres “Primeira igualdade é a justiça” e “Sem justiça não há ordem” foram colados no local por amigos.

O irmão do jovem, Thiago Mendes, disse que a prisão dos três policiais militares tranquilizou um pouco a família. “Ficamos mais calmos em relação ao sentimento de justiça. Mas a raiva e a indignação de como o caso aconteceu continuam.”

Além das três prisões de PMs, outra pessoa que não pertencia à corporação foi presa e cinco policiais detidos para averiguação. Para o irmão, o que mais revolta é que quem teria começado as agressões não era policial. “Foi um cara que estava com eles, um amigo, que não era policial, mas estava armado. Como ele podia estar armado? Isso é revoltante.”

A auxiliar administrativa Katrina Carvalho, 27, é prima do adolescente e morava com ele. “Por volta das 3h, um dos amigos dele tinha tentado ligar para nós. Retornarmos e ele disse que meu primo tinha caído, mas não como. Quando soubemos da gravidade, ficamos sem chão.”

Ela também lembrou, emocionada, do jeito do primo. “Ele era muito tranquilo e adorava cozinhar.”

O pintor Robert Trevisan, 33, era amigo de Rafael há 15 anos e também disse que ficou em choque quando soube da notícia. “Me contaram pelo WhatsApp que ele tinha sofrido um acidente e na hora não acreditei. Tentei ligar no celular dele, mas ninguém atendia. Comecei a me desesperar e pensar que realmente tinha acontecido alguma coisa.” (Yara Ferraz




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