Economia Titulo Indústria
Rastreamento e ampliação de mercados são saídas para autopeças

Setor privado, Estado e União devem prover soluções para o segmento industrial

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
27/12/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


 A saída para a recuperação da competitividade do setor de autopeças da região não está nas mãos de único agente. A União, o Estado de São Paulo e as próprias indústrias têm o parafuso e a chave de fenda nas mãos. Resta rosqueá-lo, urgentemente, para que a situação melhore.

Os governos federal e estadual têm as ferramentas dos incentivos tributários para melhorar a situação das fabricantes de componentes. Também é da União a responsabilidade pela liberação de crédito a juros competitivos. Já os empresários, mesmo preocupados com as margens de lucro cada vez mais apertadas, devem iniciar processo de ampliação de mercados – atuando em novas áreas – e de internacionalização.

Atualmente, o regime automotivo Inovar-Auto, do governo federal, lançado em outubro de 2012, que prevê desoneração para as montadoras, tem como um dos requisitos o índice de 65% de nacionalização nas peças e partes dos veículos. Porém, a indústria de autopeças reclama que, mesmo com essa premissa, o incentivo ainda não chegou às suas contas.

Isso ocorre porque as fabricantes de veículos compram sistemas ou módulos completos de empresas que montam componentes com várias peças de outras companhias, chamadas de sistemistas. No entanto, empresários do segmento de autopeças do Grande ABC reclamam que elas aproveitam os preços desleais dos produtos importados, principalmente os asiáticos, e deixam de lado a produção nacional e regional.

Para mudar essa situação, destaca o presidente da Associação das Empresas Metalmecânicas do Grande ABC, Norberto Luiz Perella que também é vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, seria necessário o aumento da rastreabilidade das peças. E este é um dos propósitos do Inovar-Peças, próximo regime que o governo federal promete lançar, ainda sem data prevista. “Hoje, o índice proposto pelo Inovar-Auto é de 65% de nacionalização. Mas tenho certeza de que ele não é atingido.”

O secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Jefferson José da Conceição, que tem participação ativa na maioria dos APLs (Arranjos Produtivos Locais) da região, destacou ainda que, além da rastreabilidade efetiva, considerada como urgente por ele, é necessária também política industrial do governo estadual. “Hoje são cobrados 12% de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços). Essas empresas precisam de um olhar mais forte do governo federal. O estadual (também) fez muito pouco por elas.”

No entanto, o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu a administração e garantiu que a partir do dia 1º as empresas terão benefício que aumentará a competitividade. “Acabamos de anunciar uma dilatação no prazo de recolhimento do ICMS. A medida vai dar para todas as empresas uma competitividade maior no Estado de São Paulo”, garantiu à reportagem do Diário durante visita ao jornal. A liquidação do tributo, portanto, passará do 3º dia útil para o dia 20 ou 25 de cada mês. “E, para as pequenas empresas, o prazo foi prorrogado por mais 45 dias. Era de 15 dias. Passou a 60 dias”, acrescentou.

Alckmin assegurou que seu governo estuda outros projetos de política industrial. No entanto, não quis revelar detalhes.

CRÉDITO - Outro ponto que pode melhorar a situação da indústria de autopeças é a menor restrição do crédito, destacou Conceição, referindo-se às linhas do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Isso porque, como em todas as instituições financeiras, quanto maior o risco, maiores os juros e as restrições para a liberação. Neste caso, empresários com dívidas tributárias estão vetados.

O secretário destacou ainda a importância de os empresários buscarem ampliar sua atuação em outros mercados, sem deixar de lado o segmento automobilístico. “É necessário ampliar e diversificar a produção. Muitas vezes, uma peça que é utilizada em um carro pode sofrer pequena modificação e ser usada em um avião, por exemplo”, disse.

Outra solução para a expansão da competitividade da indústria de autopeças do Grande ABC é a consolidação das parcerias comerciais internacionais para aproveitar o processo de globalização da produção das maiores empresas de todos os segmentos industriais.




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