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Região descarta retirar obrigatoriedade do uso da máscara de proteção
Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
06/10/2021 | 05:41
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Divulgação/Nario Barbosa


As cidades do Grande ABC descartaram retirar a obrigatoriedade do uso de máscara, mesmo com o fato de que 78,1% da população adulta da região já está totalmente protegida contra a Covid-19 com as duas doses da vacina.

O debate surgiu após o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), ter decidido pela desobrigação do item de proteção a partir do dia 15 de outubro, quando a cidade deve atingir 65% dos adultos totalmente imunizados contra a Covid – atualmente apenas 56,5% receberam as duas doses. Médicos e sanitaristas têm criticado a intenção por entender que a Covid é oportunista. A prefeitura da Capital, sob comando de Ricardo Nunes (MDB), também estuda a flexibilização da máscara, mas ainda não cravou data para desobrigar o item.

No Grande ABC, as administrações das sete cidades alegaram que, mesmo com a imunização seguindo em ritmo avançado, os protocolos sanitários devem continuar sendo seguidos, entre eles o uso de máscara e o distanciamento físico.

Especialistas em infectologia ouvidos pelo Diário sustentaram que ainda é cedo para o debate sobre desobrigar o uso da máscara, já que a manutenção do item não está ligado apenas ao número de vacinados, mas também com a taxa de transmissão do coronavírus. José Ribamar Branco, infectologista e fundador do IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente), por exemplo, avalia que se dependesse apenas da imunização, as máscaras poderia ser abolidas apenas com 95% da população totalmente imunizadas, incluindo as crianças.

“Ainda não estamos em um momento propício (para a retirada da máscara), pois não sabemos como se comportará o vírus, já que pode aparecer nova cepa e começar a ser disseminada. É preciso ter cautela. Apesar do desejo da população de tirar a máscara, isso só poderá ser feito quando atingirmos 95% da população (vacinada), incluindo crianças”, declarou o médico.

Conforme o médico infectologista, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e integrante titular da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) Alexandre Naime, a desobrigação do uso da máscara está atrelada especificamente à taxa de transmissão do coronavírus. O especialista sustenta que o debate sobre deixar de utilizar o item só poderá ocorrer quando a taxa estiver abaixo de 0,5, ou seja, quando o poder de transmissibilidade da Covid infectar menos de uma pessoa. No Grande ABC, a taxa está em 0,86, de acordo com dados da SP Covid Info Tracker, plataforma gerida por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), da USP (Universidade de São Paulo) e do Cemeai (Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria) que leva em consideração dados da pandemia disponibilizados pelo governo do Estado.

“Não existe qualquer relação de taxa de vacinação com a utilização da máscara. As vacinas são importantes para reduzir a gravidade dos efeitos da doença. Mas só se pode discutir a desobrigação do item quando o número de casos for muito pequeno. Estamos próximos, mas ainda não é o bastante”, declarou Naime.  




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