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Cavallo é terceiro ministro da Economia a renunciar em um ano
Por Do Diároi OnLine
20/12/2001 | 09:14
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Domingo Cavallo foi o terceiro ministro da Economia da Argentina a renunciar em um ano, durante o mandato do presidente Fernando De La Rúa. O primeiro foi José Luis Machinea, que renunciou no início de março, e Ricardo López Murphy, que só durou duas semanas à frente do Ministério, até que no dia 20 do mesmo mês, Domingo Cavallo assumiu.

A demissão de Domingo Cavallo, que comandou a economia argentina nos últimos nove meses, depois do fracasso de sua política e de uma verdadeira explosão social na noite desta quarta e na madrugada de quinta, foi finalmente confirmada pelo governo do presidente Fernando de la Rúa em um comunicado.

Milhares de argentinos desfilaram diante do edifício onde mora Cavallo, no bairro residencial Parque de Buenos Aires, zona norte da cidade, onde gritaram palavras-de-ordem, o xingaram e exigiram sua saída.

Cavallo, 55 anos, deixa um país com 42 meses de recessão, à beira da moratória, sem ter conseguido o tão declamado déficit zero, apesar dos severos cortes no gasto público (entre eles um corte de 13% nos salários dos funcionários estatais e nas aposentadorias), com quase 5,5 milhões de pessoas com sérios problemas de trabalho e fortes restrições ao saque de dinheiro em espécie das contas bancárias.

Nscido em Córdoba (Centro), aos 16 anos Cavallo concluiu seus estudos secundários, aos 20 era contador público e aos 24 obteve seu título de doutor em Ciências Econômicas na estatal Universidade de Córdoba. Posteriormente entrou na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

De regresso à Argentina, foi diretor do Instituto de Estudos Econômicos da Fundação Mediterrânea, subsecretário do Interior em 1981 e presidente do Banco Central (BCRA) em 1982, durante a última ditadura militar (1976-83).

Chanceler do presidente justicialista (PJ, peronista) Carlos Menem (1989-99) nos dois primeiros anos de seu mandato, tornou-se o campeão da luta contra a inflação ao aceitar em 1991 a pasta de Economia e impulsionar a Lei de Convertibilidade, que estabeleceu a paridade entre o peso e o dólar.

Como ministro de Menem, Cavallo aplicou um plano econômico neoliberal e disputou em reiteradas ocasiões a paternidade desse programa com o ex-presidente. Por suas conquistas macroeconômicas, foi chamado de "superministro", mas ao término de sua gestão se registrou o mais alto índice de desemprego das últimas décadas, 18,3%, casualmente o mesmo percentual que se registra atualmente.

Pouco diplomático e irascível, rompeu com Menem em junho de 1996, após denunciar a existência de "máfias no poder", mas ao mesmo tempo chegou a ser mencionado em escândalos de corrupção.

Uma comissão parlamentar que investigou os contratos da IBM com o Estado o considerou em 1999 "responsável político" pelas irregularidades cometidas na informatização do Banco Nación em 1993, quando foram pagos US$ 21 milhões em subornos, de acordo com a investigação judicial.

Além disso, foi um dos que assinaram junto com o então presidente Menem os decretos que facilitaram a venda ilegal de armas à Croácia e Equador entre 1991 e 1995 e pela qual o ex-mandatário esteve 167 dias sob prisão domiciliar este ano.

Também foi acusado de ter demorado sete meses para corrigir uma resolução sua de 1992, pela qual se instrumentou um sistema de reembolsos a exportações de ouro, que teria significado um prejuízo de US$ 200 milhões para o fisco, segundo uma investigação parlamentar.

Respeitado pelos mercados, sua experiência foi solicitada pelas autoridades do Equador e da Rússia para superar as crises que nos últimos anos afetaram esses países.




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