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O sonho possível

Entre as ações que tornaram as cidades europeias ‘lugares verdes'...

Por Cristina Baddini
19/10/2012 | 00:00
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Entre as ações que tornaram as cidades europeias ‘lugares verdes' estão a meta de eliminar o consumo de combustíveis fósseis e reduzir as emissões de CO2 em 80% até 2050, a alta qualidade do ar, grande quantidade de áreas verdes e recreativas, planos de preservação da água e excelência em transporte público, além das ciclovias e ciclofaixas por toda a cidades. Enfim, o nosso estilo de vida pode afetar a vida do planeta de forma aguda.

O EXÉRCITO DOS INVISÍVEIS

O estímulo ao transporte não motorizado ajuda a proteger o meio ambiente e ainda melhora o condicionamento físico da população. A bicicleta é um ‘veículo de bairro', ‘dona' de um território de seis quilômetros de raio.

Nesses curtos trajetos a segurança de circulação é fundamental. O importante nas nossas cidades é ter ruas ‘amigáveis', não necessariamente dotadas de ciclovias, infraestrutura que depende de poder-se dispor de espaços cada vez mais escassos, senão indisponíveis no viário - quase nunca dotadas de condições de abrigar ciclofaixas, mas nas quais a baixa velocidade das bicicletas (15 km/h a 20 km/h) não deveria ser ameaçada pela velocidade do tráfego, nos limites permitidos pelo CTB, de 30 km/h em vias locais.

VER E SER VISTO

A segurança no trânsito se baseia fundamentalmente no ‘ver e ser visto'. Três pontos devem ser considerados como prioritários na discussão da segurança:

1 - fazer valer a proibição do uso de insufilme nos carros. Ciclistas e pedestres devem ter certeza de que os motoristas os estão vendo, o que pressupõe que pedestres e ciclistas estejam vendo que os motoristas os estão vendo;

2 - a eliminação da ‘direita livre' nos cruzamentos (direita livre é a permissão de que os carros possam virar à direita com o sinal fechado para o trânsito ‘à frente'; nestas condições, os carros mantêm o direito de passar pelas faixas de pedestres, tanto as que cruzam a via ‘direta' como as que existem na via lateral). Nos países ‘civilizados' virar à direita, nessas condições, é condicionado à imposição de que o motorista respeite a passagem de pedestres e ciclistas por essas duas faixas, só passando quando as duas travessias estiverem desimpedidas. No Brasil, infelizmente não é assim.

3 - é inaceitável o argumento de que o ciclista não foi visto ‘por estar no ponto cego' do carro. Na época do Big Brother, com câmeras instaladas em todos os locais, que a indústria automobilística ainda se valha de espelhos para dar aos motoristas a visão do que existe no entorno dos carros é absurdo. Pior, instalaram nos espelhos da lateral direita dos carros um espelho côncavo que dá ao motorista uma imagem distorcida da distancia ‘real' que o separa de outros veículos (bicicletas e motos, principalmente).

TREINAMENTO

Não se exige dos ciclistas que tenham conhecimento prévio das regras de trânsito. Por isso é importante a montagem de programas educativos e campanhas permanentes sobre as técnicas do que é chamado de ‘pedal defensivo'. Os ciclistas em geral, aprendem ‘na prática' as regras de convivência no trânsito. O problema é que os motoristas também não têm nenhum treinamento para o ‘tráfego compartilhado'.

Finalmente, pedalar é bom para todos. Se tivermos menos carros nas ruas, teremos mais espaço, mais qualidade de vida, um ar mais respirável e menos barulho, menos acidentes e menos estresse no trânsito. É preciso desenvolver um senso de cidadania, no qual cada um tenha consciência de seu papel no futuro do planeta. 

É preciso ter a ousadia de implantar outras formas de se deslocar. Vamos ousar fazer diferente, fazer outro tipo de pergunta, achar outro tipo de resposta. 




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