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Secretaria deve investigar morte de prefeita em MG
Do Diário do Grande ABC
10/04/2000 | 09:36
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A família da prefeita de Nacip Raydan, em Minas Gerais, Maria Aparecida Vieira (PPB), a "Dona Doca", assassinada com três tiros na última quarta-feira, vai pedir a intervençao do secretário de Segurança Pública, Mauro Lopes, e da Comissao de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa nas investigaçoes sobre o crime.

Além disso, pedirá o afastamento do delegado de Peçanha, Donizete Ferreira de Resende, do caso.

O filho da prefeita, o empresário Rangeres Vieira Alvarenga, 31 anos, denuncia uma suposta farsa montada para a prisao do assassino confesso, Elizeu Goncalves de Almeida, 21 anos, o "Elizeuzinho" e descarta que o crime tenha sido praticado por vingança.

"Foi crime político. Somente quem nao é da regiao nao percebe o "circo" que foi montado. Se esse Elizeu apanhou com chicotes e fios de luz, as marcas ainda nao terao desaparecido totalmente. Porque nao fazem uma perícia para comprovar se houve realmente esse episódio", desafia. "Elizeuzinho" garante que matou a prefeita para se vingar de uma surra de chicote e fios de luz que levou há cerca três meses de um funcionário da prefeita, conhecido por "Juliano", com o auxílio do filho caçula dela, Alisson Vieira Alvarenga, 21 anos. A família Alvarenga nega que isso tenha acontecido.

Um mês depois da surra, segundo Elizeuzinho, ele foi baleado na perna e na barriga durante uma emboscada e descobriu que estava jurado de morte pela prefeita "porque sabia demais". Ele nao contou em seu depoimento o que sabia sobre a prefeita. De acordo com o empresário, a mae foi morta porque detinha mais de 80% de aceitaçao em Nacip Raydan e sempre foi uma ameaça para o grupo político adversário, comandado pela família Braga, que nunca conseguiu vencer uma eleiçao na cidade. A "armaçao" que teria sido montada para desvincular o crime das razoes políticas cai em contradiçao em sua própria montagem, segundo alega Alvarenga.

O empresário diz que além do secretário Estadual de Segurança, Mauro Lopes, a família vai recorrer a Comissao de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e ao deputado federal Ibrahim Abi-Ackel (PPB) para desvendar o crime. O deputado é do mesmo partido da prefeita assassinada e teve o maior número de votos na cidade. "Ele deve esse favor a Nacip Raydan", enfatiza. O delegado que investiga o crime, Donizete Ferreira de Resende, é da Comarca de Peçanha e nao foi localizado para comentar as alegaçoes da família porque estaria em diligências, dando continuidade às investigaçoes sobre a morte da prefeita.

No sábado, o delegado informou que Elizeuzinho alega que matou a prefeita por vingançaa e que estaria jurado de morte pela prefeita. Elizeuzinho desmentiu que tivesse sido contratado pela família Braga ou pelo presidente da Câmara de Nacip Raydan, Jorge Angelo Dias (PMDB) para matar Dona Doca. "Nao me arrependo. Se ela estivesse viva a mataria de novo. Matei para nao morrer", teria dito o assassino confesso ao delegado.

O presidente da Câmara, apontado pela família Alvarenga como o principal suspeito de ter mandado matar a prefeita Dona Doca, vai assumir a prefeitura nesta segunda. Dias nega qualquer envolvimento no assassinato da prefeita e garante estar mais tranqüilo para assumir suas funçoes com a prisao de Elizeuzinho. Ele temia ser linchado pela populaçao se assumisse a prefeitura sendo suspeito do crime. "Vou colocar a prefeitura para funcionar, respeitando o luto da família", disse.

A família da prefeita, que mantinha uma das mais belas casas em Nacip Raydan, se mudou da cidade neste final de semana. Ha três anos a família foi surpreendida com o assassinato de seu patriarca, o ex-prefeito Ademar Alvarenga. Ele foi executado na noite do dia 7 de outubro de 1997, com quatro tiros a curta distância, quando entrava no condomínio Sao Caetano, em Betim, regiao metropolitana de Belo Horizonte, por motivos políticos.




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