Economia Titulo Em 9 anos
Autônomos têm maior participação no mercado em 9 anos

Número de profissionais que atuam por conta
própria chegou a 198 mil na região em maio

Fábio Munhoz
Vinícius Claro
04/07/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O percentual de autônomos no mercado de trabalho do Grande ABC atingiu o maior patamar para maio desde 2007. No quinto mês de 2016, 198 mil pessoas atuavam por conta própria nas sete cidades da região, o que equivale a 16,8% do total de ocupados. Há nove anos, esse grupo era composto por 196 mil pessoas (17,2% de participação). Os dados são da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), feita pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

O contingente de autônomos que trabalham para o público foi de 126 mil indivíduos em maio de 2016, o mais alto da série histórica da PED ABC, iniciada em 1998. A proporção desse pessoal em relação à totalidade de trabalhadores da região atingiu 10,7%, a maior desde 2002, quando era de 11,1%. Já os autônomos que atuam em empresas eram 72 mil em maio de 2016, o que representa 6,1% do universo de ocupados nas sete cidades – 1,1 ponto percentual abaixo do que o registrado em maio de 2015. Entram nessa categoria os prestadores de serviço que são contratados pelas companhias como pessoa jurídica, e não como pessoa física, sob o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

O professor Sandro Maskio, coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, explica que o aumento na participação dos autônomos no mercado é consequência direta da aceleração do desemprego. “A pessoa que sai de um vínculo formal de trabalho acaba optando por exercer atividade profissional por conta própria para garantir renda até que o mercado melhore. Alguns podem encontrar um caminho interessante e acabam se estabelecendo como microempreendedores, enquanto outros decidem voltar a atuar como empregados quando a economia reaquece.”

Maskio reforça que, ao longo da década de 2000, o mercado de trabalho no País registrou bom comportamento, o que provocou a redução no número de autônomos na época. “Esse contingente tende a crescer à medida que ocorrem mais demissões. O inverso também é verdadeiro: quando há uma recuperação, a tendência é de que essas pessoas voltem a trabalhar com vínculo formal.”

O momento de crise fez com que alguns profissionais fugissem de empregos convencionais para tentar a sorte por conta própria. É o caso de Anderson Fernandes Farias, 37 anos, que trabalhava como comerciante havia 15. “O negócio estava muito devagar, meu patrão queria me mandar embora sem pagar meus direitos, então tomei a decisão de sair, e valeu a pena.”

Há três anos e meio, Farias vende milho em frente da unidade do Sesc de Santo André, e faz festas para escolas e condomínios. Hoje, tem sua casa e carros próprios quitados e consegue pagar o colégio particular de seus dois filhos.

Ser autônomo também é saída para aqueles que nunca tiveram carteira assinada. Emerson do Rosário, 20, começou a trabalhar com seus pais há cinco anos vendendo frutas. Hoje tem seu próprio caminhão no bairro Vila Aquilino, também em Santo André. “Encontrar emprego sempre foi muito difícil e hoje está mais ainda. Só consegue quem tem graduação muito alta. Mas, devagarinho, estamos atravessando a crise”, resume. (Colaborou Claudinei Plaza)

Cresce proporção de pessoas sem carteira

O percentual de empregados sem carteira de trabalho assinada vem aumentando no Grande ABC nos últimos anos. Em maio de 2016, 90 mil indivíduos executavam atividades profissionais na região de maneira informal, o que equivale a 12,03% do total. É o nível mais alto para o mês desde 2012, informa a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A pesquisadora da Fundação Seade Marcia Halben Guerra explica que é comum, em momentos de economia desaquecida, que haja elevação no número de pessoas que exercem atividade sem carteira assinada. “Isso ocorre porque, diante da maior dificuldade para conseguir emprego, os trabalhadores acabam se submetendo a isso. Para as empresas também é conveniente, pois podem demitir sem ter de pagar as verbas rescisórias.”

Apesar do aumento na participação do emprego informal nos últimos anos, o percentual desse grupo em relação ao total dos trabalhadores da região já foi bem mais elevado. O ápice ocorreu em 2001, quando 23,46% dos indivíduos ocupados nas sete cidades não possuíam carteira assinada.

A taxa de desemprego no Grande ABC atingiu 17,1% da PEA (População Economicamente Ativa) no mês passado, o maior nível para o mês desde 2006. A estimativa é a de que 243 mil pessoas estejam desocupadas na região, 35% a mais do que no mesmo período de 2015.

No País, a taxa de desemprego no trimestre móvel encerrado em maio foi de 11,2%, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo período do ano passado estava em 8,1%. 




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