Economia Titulo Emprego com carteira
Região fecha 33 mil vagas desde janeiro

Pior saldo para o acumulado do ano desde
2004; indústria é o setor que mais demitiu

Por Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
21/11/2015 | 07:04
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Claudinei Plaza/DGABC:


Entre janeiro e outubro, 33.080 postos formais de trabalho foram fechados no Grande ABC, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregos) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social. O saldo (diferença entre admissões e demissões) para os dez primeiros meses do ano é o mais baixo desde 2004, início da série histórica disponível para consulta. Apenas no mês passado foram contabilizados 5.770 desligamentos.

A indústria foi o setor que mais eliminou vagas no acumulado desde janeiro, com saldo negativo em 19.492. Em seguida estão serviços (-7.956), comércio (-3.477), construção (-2.132) e agropecuária (-23). Todas as cidades tiveram mais demissões do que admissões (veja tabela nesta página).

No ano passado, o saldo já foi negativo, mas a situação ainda não era tão alarmante. De janeiro a outubro de 2014, foram 7.382 vagas fechadas, quase cinco vezes menos do que o saldo atual. De 2004 a 2013, a única vez que a região apresentou variação inferior a zero foi em 2009, ano da crise econômica mundial. Naquele ano, a diferença entre contratações e desligamentos foi de -2.585 – o que representa 7,8% do saldo negativo de 2015.

O economista Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que a situação atual é mais grave do que a de 2009 devido a três fatores. “Primeiro porque naquele momento o Brasil ainda não tinha consolidado a inclusão de pessoas das classes D e E na classe C. Hoje esse processo está estagnado. Além disso, a retração em 2009 foi próxima de zero (o PIB encolheu 0,2%). Para esse ano, é esperada uma queda na casa de 3%”, salienta.

Outro fato citado é a inflação, que estava mais baixa naquele momento. Para se ter ideia, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2009 com acumulado de 4,31%. Neste ano, a previsão do mercado é que elevação nos preços chegue a 10,04%.

Entretanto, Balistiero avalia que o principal dificultador para o cenário atual é a confiança por parte dos empresários. “Em 2009 ainda havia aumentos nos investimentos. O governo (do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) batia recordes de aprovação e não havia tanto problema entre o Executivo e o Legislativo.”

FUTURO - O economista espera ainda mais demissões, com a taxa de desemprego no País, que chegou em outubro a 7,9% (a mais alta para o mês desde 2007), atingindo os dois dígitos no começo de 2016. Entretanto, ele avalia que o País está “no caminho certo” para, a partir de 2017, retomar o crescimento e, consequentemente, o ritmo de contratações. Isso em razão do ajuste fiscal que está sendo comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, cujos principais objetivos são a redução da inflação, a retomada do controle dos gastos públicos e maior austeridade fiscal. “É um processo cirúrgico e difícil que colocou a economia em recessão. A esperança é que a Dilma (Rousseff) tenha criado juízo no segundo mandato. Se ela mantivesse as políticas da primeira gestão, o Brasil estaria caminhando para ser uma Venezuela ou Argentina”, acrescenta. 




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