Setecidades Titulo Saúde
Câncer de próstata
aumenta na região
Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
02/11/2014 | 07:00
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Se o outubro foi rosa, para conscientizar as mulheres sobre a prevenção do câncer de mama, novembro é o mês dedicado aos homens para chamar a atenção com relação à doença que acomete a próstata e deve matar, somente neste ano, 13 mil homens, segundo estimativas do Inca (Instituto Nacional de Câncer). Por esse motivo, a cor azul foi escolhida para simbolizar a conscientização masculina durante o mês.

Registros do DataSUS (banco de dados do Ministério da Saúde) mostram alta de 21,5% no número de internações de pacientes do Grande ABC com neoplasia maligna de próstata de janeiro a agosto na comparação com o mesmo período do ano passado (veja tabela ao lado).

O câncer prostático pode ser diagnosticado por meio de exame físico (toque retal) e laboratorial (dosagem no sangue da PSA – substância produzida pelas células da glândula prostática). Apesar de eficaz, o exame de toque ainda é temido por muitos homens.

 A Sociedade Brasileira de Urologia preconiza que os testes devem ser feitos anualmente a partir dos 50 anos, mas, caso haja histórico da doença na família, o recomendado é que o médico seja procurado a partir dos 45 anos. 

Embora tenha perdido um tio e um irmão com a enfermidade, Osvaldo de Oliveira, 78 anos, de Mauá, nunca foi ao urologista e só faz o exame de PSA. Neste procedimento, para homens de até 65 anos, o número tem que ser abaixo de 2,5 gramas por decilitro. Acima dessa idade, o limite é de 4,0. “Como o PSA sempre mostra que está tudo bem, o clínico geral fala que não preciso fazer o exame de toque”, lembra. 

O professor de Urologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Mário Henrique Elias de Mattos alerta a importância de se fazer os dois testes. “Dos tumores de próstata, cerca de 15% não produzem PSA. Inclusive, são os tumores mais agressivos.”

 A orientação é compartilhada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, Roni Fernandes. “O exame de toque é tão rápido, leva em torno de 30 a 40 segundos, não mexe com a potência nem com a virilidade. O homem tem que vencer os preconceitos e se cuidar.”

Durval Oliveira, 82, irmão de Osvaldo e também de Mauá, teve câncer de próstata em 2007. Até então, nunca tinha passado por nenhum exame de prevenção. “Achava que não precisava, que era bobagem”, diz ele, que se curou após fazer 25 sessões de radioterapia. “Aconselho a todos os homens: vá ao médico uma vez por ano, não custa nada. Hoje sei que não ter me cuidado foi um erro.”

Se os exames de PSA e toque retal apresentarem anormalidade, a biópsia de próstata é que diagnosticará, efetivamente, a presença ou não do câncer. Em Mauá, atualmente seis pacientes aguardam o agendamento, devendo ser programados para este mês. 

Em Ribeirão Pires, três homens esperam por biópsia. Diadema não possui demanda reprimida e o tempo médio entre a solicitação pelo especialista e a realização do exame gira em torno de um mês. Em São Bernardo também não há fila e, para marcar o Novembro Azul, no próximo dia 8, o Hospital Anchieta fará esforço mutirão de atendimento de 500 pacientes em consultas de Urologia. Em Santo André, toda demanda reprimida (204 pacientes) foi contemplada no termo de compromisso celebrado entre a Prefeitura, a FUABC (Fundação do ABC) e a FMABC, em outubro. 

Especialistas divergem sobre tipo de exame

Procedimento denominado tríplice da próstata como mais uma opção para a detecção de câncer prostático tem opiniões divergentes entre a ala médica.

A ultrassonografista Lucy Kerr faz, há dez anos, em sua clínica na Capital, o exame que une, em um só equipamento, a ultrassonografia, o doppler e a elastografia. “No mesmo procedimento realizamos a varredura completa da próstata pela ultrassonografia, que vai delinear a anatomia. A segunda varredura é feita pelo padrão de vascularização e a terceira pelo padrão de consistência dos tecidos do órgão. Ele tem se revelado muito preciso e é menos invasivo”, declara Lucy. O exame, que leva quase duas horas, custa R$ 1.844.

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo, Roni Fernandes, os exames de dosagem do PSA no sangue e o de toque retal são fundamentais. “O exame (tríplice), até o último congresso da Associação Americana de Urologia, não estava aprovado pelo FDA (entidade que regula os medicamentos nos Estados Unidos). Não é menos invasivo que o toque, porque é feito via retal com um transdutor igual aos outros de ultrassom e ainda não existe consenso na comunidade urológica de que o método seja eficiente no diagnóstico de câncer”, destaca.

Lucy, por sua vez, rebate, garantindo que “há uma necessidade de se educar, do ponto de vista de avanços diagnósticos de imagem, os nossos urologistas”.




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