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Natureza ilustrada

Biólogo de Ribeirão Pires leva prêmio internacional como ilustrador botânico; trabalho está na Austrália

Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
14/05/2009 | 07:00
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Falou em ilustração, pensou em histórias em quadrinhos, traços de desenhos animados e artes publicitárias. Indo contracorrente, Klei Rodrigo Sousa, 29 anos, de Ribeirão Pires, decidiu dedicar seu trabalho a retratar plantas e se tornou um bem-sucedido ilustrador botânico.

"Durante as aulas na faculdade de Biologia, era preciso fazer alguns desenhos e eu caprichava nos trabalhos. Daí minha professora começou a me incentivar e acabei indo para essa área. Antes, nunca havia pensado em fazer esse tipo de trabalho", lembra.

No mês passado, Sousa ficou em segundo lugar na edição deste ano do Margaret Flockton Award, da Austrália, um dos prêmios mais importantes da ilustração botânica mundial. A premiação lhe rendeu 2 mil dólares australianos - que ainda não chegaram a suas mãos.

"Como é pago na moeda de lá, fico vendo o câmbio a toda a hora, já que a taxa oscila o tempo todo. Só entre anteontem (domingo) e ontem (segunda), perdi cerca de R$ 70. Já falei para eles mandarem logo porque o valor está caindo", conta. Essa foi a segunda vez que participou do concurso.

O desenho que lhe rendeu o prêmio foi de uma bromélia, ou melhor, Orthophytum heleniceae, trabalho pedido por um estudante de mestrado em 2007. Sousa resolveu refazer a ilustração para enquadrá-la e lembrou da premiação. Agora, o trabalho está na Austrália caso alguém mostre interesse e compre. "Torço para que alguém goste e compre, mas também penso que seria bom devolverem o original para poder fazer um quadro com o desenho."

TRAJETÓRIA - Apesar de desenhar desde criança, o artista começou a se dedicar profissionalmente à atividade há cinco anos, quando cursava a faculdade de Biologia. Sua principal incentivadora e "grande responsável por tudo isso" foi a professora de botânica Dagmar Santos Roveratti. Após se formar e fazer um curso de ilustração botânica no Rio, Sousa levou seu trabalho ao Instituto de Botânica de São Paulo, local para onde trabalha até hoje.

"O pesquisador me fala qual planta eu preciso desenhar e o detalhe que ele quer: uma pétala, uma folha. Nessas horas é preciso prestar atenção em certas coisas que, até quem trabalha com plantas, acaba não percebendo", explica.

Em seu estúdio recheado de ilustrações - incluindo uma mesa repleta de cartões pessoais personalizados - ele leva em média dois dias para fazer cada trabalho. O primeiro é dedicado a observar a planta no microscópio e desenhá-la a lápis. No segundo, o desenho é finalizado com nanquim. Todos são feitos em preto-e-branco. A utilização de cores em aquarela é mais voltada para obras a serem expostas.

A premiação na Austrália não foi a primeira em sua carreira. Em 2006, ele venceu o concurso de ilustração organizado pela Fundação Botânica Margaret Mee, do Rio. O fato fez com que o rapaz fosse atrás de outras competições. "É legal ser reconhecido e ser elogiado. Acho que foi até bom ter ficado em segundo. Se tivesse ficado em primeiro lugar, não iria mais me esforçar. Agora quero ser o primeiro e melhorar cada vez mais."

Suas ilustrações também estão presentes no livro Plantas Nativas de Mata Atlântica com Propriedades Medicinais, de sua ex-professora Dagmar. A publicação será lançada na Fundação Santo André no dia 2 e os desenhos de Sousa serão expostos no local.




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