Todo mundo merece natureza melhor. Se não pararmos para nos conscientizar vamos viver nos restos do que um dia foi algo". A frase estava na cabeça de Pamela Paulino Carvalho, de apenas 10 anos. Ela é uma das fiscais mirins que orientam os alunos da Emeief Reverendo Oscar Chaves, na Vila Linda, em Santo André, a jogar o lixo no lixo certo. "Eu já vinha separando o lixo seco do orgânico em casa. Meus pais me ensinaram. Mas às vezes eu tenho que puxar a orelha deles, porque eles também falham", diz, sorrindo.

O hábito de separar corretamente o lixo começou após a implantação do projeto Todos por um mundo melhor! e depois de muita teoria na unidade escolar.

Informações sobre a preservação do meio ambiente não faltavam. Desde 2009, técnicos do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), frequentavam as dependências da escola para apresentar aos alunos e professores do 4º ano o projeto Caminho das Águas. O trabalho tinha como objetivo mostrar a eles o trajeto que a água percorre até chegar às torneiras de suas casas. Em seguida veio outra proposta: No Caminho dos Resíduos. Este detalhava a história sobre o lixo, tempo de decomposição dos resíduos, os cinco ‘Rs' (Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar) da educação ambiental, doenças causadas pelo lixo, entre outros itens.

COMPORTAMENTO

No segundo momento, o grupo escolar foi convidado a deixar os bancos e as salas para começar uma investigação no espaço, no entorno e na própria residência sobre a forma como as pessoas lidavam com o lixo. Descobriram que faltava a eles muita prática. Na hora do lanche, embalagens de sucos, papéis e restos de comidas eram jogados em um cesto só.

A mudança de comportamento em toda escola começou pela cozinha e pela área da merenda. "Colocamos latas diferenciadas para a separação do lixo orgânico do sólido. As crianças se transformaram em fiscais mirins, produziram cartazes, que orientavam a forma correta de separar cada item e mais gente foi se envolvendo no trabalho", conta a professora Raissa Nasser Bártoli Borges Leal.

A atividade não trouxe apenas mais luz à consciência das crianças sobre o meio ambiente, mas um novo meio de vida a uma pessoa que tem relação indireta com a escola.

A merendeira Roslaine Rossi tinha informação sobre os danos que certos resíduos podem causar à natureza. Só não tinha parado para pensar sobre o assunto. Quando o projeto foi implantado, ajudou as crianças a organizar as atividades. E, com a mão na massa, descobriu que reciclar lixo geraria renda. "Contei para o meu irmão, que estava desempregado, e ele conseguiu tirar renda disso por uns quatro meses. Agora já está trabalhando."

Corpo docente se envolve na ação da classe

No início, o projeto Todos por um mundo melhor!, da Emeief Reverendo Oscar Chaves, foi desenvolvido por duas turmas do 4º ano da unidade escolar de Santo André.

"Os alunos, ou fiscais mirins, como eram chamados, fizeram pesquisa, prepararam informativos e percorreram outras salas como multiplicadores da ação. Também fizeram cartões com mensagens sobre a forma adequada de separar o lixo e distribuíram aos pedestres, na porta da escola", diz a merendeira Roslaine Rossi. E não deu outra. Houve adesão de todo o corpo docente e administrativo às atividades.

Como a Emeief fica dentro de um Centro Educacional de Santo André, os alunos se dividiram em grupos e ao andar pela área detectaram que faltavam recipientes adequados também para o lixo comum. Já tomaram providências e agora o problema está resolvido.