Quando o empreendimento imobiliário no bairro Valparaíso, em Santo André, começou a ser erguido, há um ano e oito meses, o vizinho da frente não reclamava, mesmo que obras geralmente façam barulho e sujeira. Mas, desde maio, a situação piorou.

A casa do motorista Ewerton Martinelli, 31, passou a ficar lotada de poeira e fuligem da textura, que está sendo aplicada no prédio. Ao procurar o encarregado da obra, foram lhe fornecidas capas para cobrir os automóveis e construída cobertura na garagem da casa dele, que era aberta. A sujeira diminuiu, mas ainda continua, segundo o motorista.

Outro problema apontado por ele são os barulhos fora do horário permitido. Em Santo André, a emissão de ruídos em obras pode ocorrer de segunda a sábado, das 7h às 18h. "Em dias de semana, o barulho começa entre 5h e 6h, e vai até as 20h. Aos sábados, o início é na mesma hora, só que param mais cedo, dentro do horário permitido."

Segundo Martinelli, a colocação e retirada das caçambas, que chegaram a nove em frente à construção, são realizadas de madrugada. Na cidade, legislação urbanística não prevê horário determinado de movimentação de material e tráfego de veículos.

Nos dias 22 de maio e 1º de junho, o motorista procurou o Semasa (Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André) para vistoriar a retirada das caçambas, que estava acontecendo às 4h10 e 6h12, respectivamente. O prazo da autarquia para atender essas solicitações é de até quatro horas. Nas duas vezes, o Semasa compareceu dentro do estipulado. "Só que os barulhos tinham acabado."

Em maio, na primeira reportagem do Diário sobre o assunto, Martinelli disse que os operários da obra assediavam sua mulher. "Agora o problema é também com a minha filha de 13 anos. O desrespeito ultrapassou todos os limites."

A Even Construtora e Incorporadora, responsável pelo empreendimento, afirmou que as obras ocorrem dentro do horário permitido pela legislação municipal. E caso sejam detectadas posturas incorretas por parte dos prestadores de serviço, tomará medidas imediatas para corrigi-las.