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Crise com data marcada

A data é terça, depois de amanhã: José Aparecido, que enviou o dossiê com as despesas do ex-presidente Fernando Henrique e ao senador Álvaro Dias

Carlos Brickmann
18/05/2008 | 00:00
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A data é terça, depois de amanhã: José Aparecido, que enviou o dossiê com as despesas do ex-presidente Fernando Henrique e ao senador tucano Álvaro Dias, e André Fernandes, o assessor de Álvaro Dias que recebeu o dossiê, devem depor na CPI dos Cartões Corporativos. As informações sobre José Aparecido variam: ora dizem que ele vai contar tudo, ora que não vai nem falar. Mas não faz muita diferença: o depoimento de André Fernandes é suficiente para gerar uma crise.

Fernandes deve dizer que, nas conversas com José Aparecido – seu amigo e antigo companheiro de trabalho – ficou claro que Erenice Guerra, principal auxiliar da ministra Dilma Rousseff, foi a responsável pela coordenação da montagem do dossiê. Essa informação permitirá que a oposição tente convocar Erenice para depor na CPI, expondo assim a própria ministra.

A tática do governo não está clara. José Aparecido foi afastado do cargo, o líder do governo no Senado, Romero Jucá, disse que ele não merece mais confiança, mas nenhuma outra ação administrativa foi adotada para puni-lo. O advogado de Aparecido é o antigo sócio do atual advogado-geral da União, José Antônio Toffoli, ligadíssimo ao presidente Lula.

Aparecido pediu habeas-corpus para não ter que depor; perdeu, e seu advogado diz que ele está disposto a responder a qualquer pergunta. Aparentemente, Aparecido não quer ser o bode expiatório e mantém as portas abertas tanto para ajudar o governo como para criar-lhe dificuldades. Traduzindo: ele ajudará o governo se o governo o ajudar.

À NOITE SONHAMOS
A bancada federal do PSDB prometeu reunir-se em São Paulo, dia 14, em apoio a Alckmin, que sonha ser candidato a prefeito. E Alckmin acreditou! Não houve manifestação, até porque mais da metade da bancada prefere ficar com o governador Serra, que apóia a reeleição de Gilberto Kassab, DEM. Nova reunião de apoio foi marcada para o dia 29. Parece que Alckmin acreditou de novo.

ERA VIDRO E SE QUEBROU
Não leve a sério a história de que o PP paulista, de Paulo Maluf, esteja negociando apoio à reeleição de Kassab. O rompimento entre ambos é antigo e definitivo. Só poderia haver aliança se os adversários de Maluf o afastassem do comando do PP. Não vão afastar; Maluf será candidato, de novo. O PT festeja: Maluf é hoje aliado de Lula e pode tirar votos de Kassab, ajudando Marta Suplicy.

A CRISE TUCANA
Preste atenção nos contratos do Metrô paulistano com a firma francesa Alstom, investigada na França e na Suíça por pagar propinas. No período investigado, o governo paulista, responsável pelo Metrô, foi exercido por dois cardeais do PSDB: Covas e Alckmin. Hoje, o governo paulista, que participa das investigações, é tucano, mas não tem simpatia por Covas nem por Alckmin.

SEM FANTASIA
Não se impressione com a substituição no Ministério do Meio Ambiente. Tirando o ministro, nada mais vai mudar. Dizem que Marina Silva era mais radical, que Carlos Minc é mais pragmático, mas isso não faz diferença: Marina não mandava nada, Minc não vai mandar nada. Lula dá prioridade à economia. Se for possível crescer sem ferir o meio ambiente, ótimo. Mas só se for possível.

CARTA VERDE

Carlos Minc garante que, na conversa por telefone com Lula, exigiu liberdade total para escolher sua equipe e garantias de que não haverá interferência política na área do licenciamento ambiental. Lula prometeu. E Carlos Minc acreditou!

CADÊ O NOSSO?
O jornal britânico The Independent, que costuma defender teses estranhas para garantir alguma circulação, publicou editorial dizendo que a Amazônia é importante demais para ser deixada aos brasileiros, e que o mundo inteiro necessita da floresta, “pulmão do planeta”. Engraçado: o mundo inteiro necessita de petróleo e paga por ele. Se o mundo necessita da floresta, que pague ao Brasil por ela.

E A AUTO-SUFICIÊNCIA?
Por falar em petróleo, lembra da festa oficial pela auto-suficiência? Não era bem assim: só de janeiro a março, o Brasil importou US$ 2,6 bilhões de petróleo.

MISSÃO IMPOSSÍVEL
Boa parte da bancada até concorda em viajar para São Paulo, mas quer que a reunião demonstre a unidade do partido, com a presença do governador José Serra. É mais fácil conseguir uma foto do presidente Lula abraçado com Maluf, Collor, Quércia e os 300 picaretas do Congresso. Se bem que – bom, deixa pra lá.




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