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Mortos em alta
Por Mauro Trindade
Da TV Press
19/09/2008 | 07:01
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Há uma cena expurgada do filme Crespúsculo dos Deuses que pouquíssimas pessoas viram. Logo na abertura deste clássico de Billy Wilder, corpos no necrotério começam a conversar e a contar como tinham morrido. As platéias que viram o take tiveram uma reação tão inesperada - morriam de rir - que diretor e produtores resolveram substituí-la por outra. Agora o corpo é protagonista de diversos seriados de TV e reality shows. Três deles são sucesso na madrugada: C.S.I. Las Vegas (sexta), C.S.I. Miami (terça) e House (quarta) que, com Monk e Life, ocupam a programação noturna da rede Record.

A presença do corpo morto ou moribundo é destaque nessa trinca de programas sem, entretanto, apresentar nenhum caráter horripilante. Na verdade, tudo é de uma clareza e objetividade aparentemente científica. O cadáver não mete medo e sequer traz associações com o sobrenatural. Ao contrário, é da banalidade de um exame de urina.

Tão banal que outras séries vasculham o corpo humano com idêntica desinibição, como Plantão Médico, Six Under Feet e Crossing Jordan. E mesmo uma reportagem do Fantástico, narrada por Dráuzio Varella.

Outras deveriam parecer eróticas, mas não são. Caso do Dr. Hollywood e suas mulheres com cicatrizes nos seios e quelóides no abdômen.

A fascinação pelo clínico e pelo patológico transforma os corpos em um ‘big brother' das vísceras que parece acompanhar, de um lado, os exames de imagem disponíveis pela medicina e, de outro, as webcams da internet, as câmeras de segurança de prédios e ruas e as fotografias de satélites. Do celular no bolso ao telescópio espacial Hubble, parece existir uma lente voltada para cada canto do universo.

O corpo humano não escapou dessa curiosidade e tornou-se um tema bastante explorado, não apenas pela televisão, mas igualmente pelo cinema, com todos os filmes trash, e pelos inúmeros exemplos das artes visuais, cujo caso mais extremo são os cadáveres - verdadeiros - plastificados pelo alemão Gunther von Hagens.

Não é por acaso que o último clipe de Madonna com Justin Timberlake - 4 Minutes - começa com um strip-tease que termina com seus corpos como que dissecados, com ossos e entranhas licesiosamente despidas.

Em C.S.I., que talvez seja uma das séries que mais exploram o corpo, o inumano volta a ter valor e a fazer sentido após sua científica dissecação, que retira do cadáver qualquer valor emocional e lhe dá a dimensão de evidência. Ou informação, capaz de resolver na morte o que na vida não foi capaz de fazer.

Os números de audiência sugerem que tudo isso seja mais que curiosidade. As séries têm tido bom resultado e alcançam ótimos ibopes para o horário, em média, de 6 a 8 pontos. O cínico doutor Gregory House se destaca com 9 pontos percentuais.

Novo milionários - Nesta semana a imprensa norte-americana noticiou que o ator Hugh Laurie protagonista da série House ganhou um belo aumento de salário e passou a integrar o time dos atores milionários da série. Ele receberá US$ 400 mil por episódio. Sua renda anual chegará a US$ 9 milhões. A boa notícia para os fãs do médico sarcástico e mal-humorado é que seu contrato foi estendido até a oitava temporada.

Nos Estados Unidos, a série tem média de 16,5 milhões de espectadores e só tem perdido em audiência para Desperate Housewives (que ganhou versão no Brasil com Sônia Braga).

Fazem parte da turma dos abonados Keifer Sutherland, da série 24 Horas (US$ 500 mil), William Petersen, de CSI (US$ 600 mil)) ou Charlie Sheen, de Two and a Half Men (US$ 825 mil). (Com Redação)




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