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Filippi aponta herança de R$ 1 bi de dívida deixada pela gestão Lauro

Atual governo diz que encontrou R$ 400 mil em caixa; passivo é praticamente receita de Diadema

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
16/03/2021 | 00:02
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DGABC


O governo do prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), apontou herança de R$ 1 bilhão em dívidas deixadas pela gestão do ex-prefeito Lauro Michels (PV). O valor do passivo, que engloba obrigações de curto e longo prazos, é praticamente a quantia que o município arrecada em um ano, o que evidencia a situação de incapacidade para novos investimentos.

O secretário de Finanças, Francisco Funcia, relatou com exclusividade ao Diário que a gestão Filippi se deparou com saldo de R$ 132 milhões em restos a pagar do ano passado e apenas cerca de R$ 400 mil disponíveis em caixa. O economista explicou que a situação em que o Paço se encontra “beira o colapso financeiro”, com riscos reais de a Prefeitura não conseguir arcar com despesas essenciais, como salário dos servidores, caso não adote medidas que busquem aliviar as contas públicas.

Esse R$ 1 bilhão diz respeito à dívida consolidada, que são débitos que comprometem o caixa da administração a longo prazo. A maior fatia desse montante, explicou Funcia, não é resultado de gasto que o governo verde fez nos últimos anos para bancar projetos de saúde, educação ou cultura, por exemplo, mas envolve o passivo que o município acumulou com o Ipred (Instituto de Previdência de Diadema).

Na prática, a gestão Lauro teria endividado o município por sucessivos calotes dos repasses previdenciários patronais e por não arcar com parcelamentos feitos no passado, o que também comprometeu a saúde financeira da autarquia. “A relação dívida-receita é de 97%. Você percebe uma escalada, que é um indicador que antecede as dificuldades para o financiamento das políticas públicas a partir deste ano. Essa situação beira o colapso financeiro. Estamos enfrentando uma situação de caos no contexto dessa tragédia que é a pandemia”, expôs o secretário.

Segundo Funcia, a soma do saldo de restos a pagar e a fatia da dívida consolidada que o município teria de quitar ainda neste ano chega a R$ 300 milhões. Isso significa que 30% da receita anual está comprometida para o pagamento da dívida. “A conta não fecha.”

Funcia evitou críticas ao governo Lauro, mas evidenciou inércia nos últimos anos da gestão verde para estancar o deficit financeiro que o município vem registrando nos últimos anos, inclusive antes da chegada da Covid-19 – em 2020, o rombo foi de R$ 35 milhões. “É claro que a pandemia interferiu e a receita poderia ter sido melhor, mas o problema é que houve falta de gestão. Não houve queda de receita, ela praticamente estagnou e é nítido que nada foi feito para resolver isso”, analisou o secretário, ao citar que as ações para o combate à pandemia na cidade foram majoritariamente bancadas com recursos repassados pelos governos federal e estadual. “Diadema não pode culpar a pandemia pelo deficit financeiro.”

Para sair desse patamar, o governo enviou o reparcelamento dos débitos com o Ipred e contingenciou 75,9% do orçamento. Na semana passada, Filippi enviou à Câmara projeto que cria fundo para quitação de restos a pagar. A medida visa reservar receita para garantir o cumprimento de obrigações a curto prazo e evitar a interrupção da prestação de serviços públicos. “Esse endividamento não se reflete na qualidade dos serviços. Muito pelo contrário. Pegamos uma cidade coberta por mato, com as escolas sucateadas e faltando leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Estamos trabalhando muito para arrumar a casa e isso não será do dia para a noite”, pontuou Filippi.  




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