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Casas Bahia reposiciona marca e mira alta renda

Baianinho, tradicional mascote, agora aparece de forma tímida nas redes sociais

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
29/07/2020 | 00:07
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Reprodução


A Casas Bahia, rede de lojas e e-commerce que faz parte da Via Varejo, empresa de capital aberto sediada em São Caetano, anunciou o reposicionamento de sua marca, ao mudar seu logo e mirar o público de alta renda. Desde a década de 1970, já com sete filiais, a aposta era no slogan ‘Dedicação total a você’ e na mascote Baianinho, que agora aparece de forma mais tímida nas redes sociais da empresa. Com design mais simples e com aposta para atrair consumidor com perfil diferente do que era seu foco até agora, das classes C e D, companhia lança mão do: ‘Nossa casa é o Brasil. Nossa causa é o brasileiro’.

Atualmente, já é possível ver a mudança no site e nas redes sociais da Casas Bahia. “A marca tem como valores e personalidade a brasilidade e suas traduções de ousadia, alegria, diversidade, leveza, inventividade e proximidade”, afirmou Ilca Sierra, diretora de marketing e comunicação multicanal da Via Varejo.

A empresa aposta no digital, ainda mais em tempos de pandemia, tanto que o aplicativo, que já foi atualizado recentemente, deve receber melhorias até o fim de agosto. Entre elas, a redução de etapas de checkout até o pagamento e acesso mais fácil para trocas e devoluções. Na tentativa de conquistar também os públicos de classes A e B, a empresa projeta lojas no estilo Apple, em que a mesma pessoa que fizer a venda, cuida do pagamento.

Para especialistas, a mudança está em linha com um novo perfil de consumidor. “No atual cenário, há uma busca por marcas mais humanas e não só empresas que estejam estimulando o consumo pelo consumo. A pandemia trouxe outro tipo de sensibilidade para o público”, explicou o professor de publicidade e propaganda da Universidade Presbiteriana Mackenzie José Maurício Conrado, ao avaliar que a Casas Bahia fez uma espécie de humanização da marca.

No comercial, a empresa, que já teve campanhas publicitárias como o bordão ‘Quer pagar quanto?’, veiculado em 2011, aposta na diversidade e na inclusão de diversos tipos de consumidores. “O público muda e se a marca não for mutante, ela não sobrevive”, afirmou o especialista.

“A Via Varejo teve uma alteração interna importante (no ano passado, a família Klein voltou ao comando da empresa), o cenário mudou completamente e a loja física passou a ser menos importante. Há outro público com acesso às plataformas digitais, então oxigenar a marca é natural”, analisou a especialista em marketing e diretora executiva da NA Comunicação, Nancy Assad.

Para Diogo Carneiro, professor e pesquisador da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), a empresa acabou ficando atrás da concorrência nos últimos anos. “Além da própria Magazine Luiza, temos a Amazon e diversos outros players, que largaram na frente. A empresa tenta retomar o espaço perdido, com uma nova abordagem digital, de que não é somente o das lojas”, disse.

AÇÕES

Na última semana, a Via Varejo publicou no Twitter expressivo aumento de vendas entre maio e junho, de 2.507% de games e câmeras e 1.899% de televisores. Porém, a norma é que as empresas de capital aberto informem resultados primeiro aos acionistas, e só depois, a outros meios. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) então abriu processo administrativo para apurar o ocorrido, já que a companhia se desculpou com investidores e atribuiu a responsabilidade da divulgação à sua área de comunicação.

Ontem, as ações da empresa encerraram o pregão da B3 com alta de 7,93%, valendo R$ 20,41. O economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti afirmou que o reposicionamento da marca é visto como positivo pelo mercado, além do crescimento do e-commerce. “A empresa sofreu com a pandemia, mas se recuperou, tanto trabalhando mais a marca como investindo na logística,” As ações tiveram alta de 82,9% neste ano. 




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