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Alta de preços ameaçam mercado de plásticos
Por Do Diário do Grande ABC
13/11/1999 | 13:30
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Aumento de preços e falta de produtos no mercado interno estao levando empresários consumidores de resinas plásticas a pedir a intervençao do governo. Querem reduzir a tarifa de importaçao, de preferência a zero por cento. Desde já, o governo recusa. Cláudio Considera, da Secretaria de Acompanhamento Econômico, diz que a resina produzida no Brasil é suficiente e que a mudança da alíquota implica complexa negociaçao com os parceiros do Mercosul. A escassez de matéria-prima já atinge os segmentos de tubos e conexoes, dos eletroeletrônicos (linhas branca e marrom) e de embalagens.

A indústria de transformados plásticos, que já estava pressionada por reajustes de 50% a 90% nos preços das resinas termoplásticas, este ano, agora enfrenta um fato novo: a falta das matérias-primas no mercado interno. Conforme a lei da oferta e da procura, esses ingredientes sao o fermento da inflaçao. E a escassez nao se deve a um aquecimento sazonal, como seria o caso dos tubos e conexoes - cuja alta nos preços do produto final ao consumidor, prevista para janeiro, poderá chegar a 20%, se os produtores tiverem de apelar às importaçoes. Há também reclamaçoes dos segmentos de linhas branca e marrom e de embalagens - estas, têm aumento de preços de 10% a 15%, previsto para o início do ano.

Alíquota - "Se faltarem resinas, o governo deverá agir, com algum tipo de controle", diz o presidente da Associaçao Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Merheg Cachum. Para saber exatamente o que, quanto e onde há escassez de matérias-primas, a Abiplast distribuiu, nesta sexta-feira, uma pesquisa sobre o assunto entre seus associados. Com a certeza de que a falta já é uma realidade, a Abiplast enviou carta ao governo, na quarta-feira (10), pedindo a reduçao da alíquota de importaçao, hoje, em 17%. "O ideal é que ela seja zero", avisa Cachum.

Segundo o secretário de Acompanhamento Econômico, Claudio Considera, a carta ainda nao chegou às suas maos - foram enviadas cópias inclusive aos ministros da Fazenda, do Desenvolvimento e de Minas e Energia. "As centrais petroquímicas têm condiçoes de abastecer o mercado interno, por isso acho difícil que esteja faltando", avalia Considera.

"A Polibrasil, que produz 550 t/dia de polipropileno, teve quebra na fábrica e está parada há duas semanas, e a Petroquímica Triunfo, com problema no compressor, deverá ficar parada durante dois a três meses", demonstra o presidente da Associaçao Brasileira de Embalagem (Abre), Sergio Haberfeld. Claudio Considera esclarece que a reduçao da alíquota de importaçao está atrelada a lista de exceçao do Mercosul. Ou seja qualquer medida dessa natureza deve ser submetida à análise dos sócios do bloco, e as resoluçoes nao sao imediatas.

"A entrada da Asia como forte compradora no mercado internacional é outro fator de desabastecimento no Brasil", afirma Haberfeld, também presidente da Organizaçao Mundial de Embalagem. Os preços lá fora, informa a Abiplast, sao um atrativo para que a indústria de resinas exporte. A Abiplast nao informa a cotaçao das resinas no exterior.

Segundo o mercado, o preço varia muito, tanto no Brasil quanto lá fora, dependendo da quantidade e das condiçoes de compra. Mesmo assim, a OPP Petroquímica está cancelando parte de suas vendas externas para nao prejudicar o mercado interno, informa o presidente da Abre.

Segmentos - Sergio Haberfeld relaciona as faltas em alguns segmentos: de 10% a 15% do poliestireno (PS) usado na indústria de eletroeletrônicos (linhas branca e marrom), e na de descartáveis e embalagens de alimentos; o polipropileno (PP) para embalagens rígidas, está com cotaçao em alta e as exportaçoes sao aquecidas pela grande demanda mundial; e o polietileno de baixa densidade (PEBD), para embalagens flexíveis, principalmente de alimentos, cuja produçao é prejudicada por paradas anunciadas pela indústria brasileira - caso da Petroquímica Triunfo, cuja capacidade anual é de 150 mil toneladas.

No segmento de tubos e conexoes, a reduçao da disponibilidade de PVC pelas empresas se faz notar há três semanas. A capacidade instalada de 690 mil t/ano da Solvay e da Trikem, únicas produtoras brasileiras da resina, está deixando o segmento de transformaçao a desejar de 10% a 30% das matérias-primas de que necessita. A Fortilit, que transforma cerca de 10 mil t/mês (240 mil t/ano), tem sentido a falta de 5% a 10% do fornecimento. A boa notícia é que a fábrica da Solvay, com capacidade instalada para 210 mil t/ano, no Pólo de Baía Blanca, na Argentina, consolida em dezembro a produçao iniciada este mês.




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