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Até Aras teria ficado irritado, afirma Aragão sobre parecer

Ex-ministro classificou ação como imprópria; Marinho diz que nem crise parou ódio à sigla

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
14/04/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Advogado do diretório nacional do PT e ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão classificou como “impróprio” o parecer favorável do vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés, ligado ao MP (Ministério Público), que deu prosseguimento a processo para extinção do registro do partido. Segundo Aragão, a manifestação dada “é expressão de ódio por parte do vice-procurador” – a ação inicial foi movida pelo deputado federal Heitor Rodrigo Pereira Freire (PSL), no ano passado. “Até o procurador-geral da República, Augusto Aras (nomeado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro), teria ficado irritado com o parecer do vice-procurador Brill de Goés”, pontuou.

O parecer endossa solicitação de cancelamento do registro do PT, baseado em depoimentos colhidos durante a Operação Lava Jato, que tratavam sobre recebimento de recursos ilícitos de origem estrangeira. Aragão contabiliza que este é o quinto pedido de anulação da sigla junto à Justiça Eleitoral. O ex-ministro sustentou que os quatro processos anteriores semelhantes a este já foram arquivados em outras oportunidades. Chamou a atual acusação de infundada. “No mais, tenho certeza que (este também) será arquivado”, emendou o jurista – ele integrou o alto escalão no segundo governo de Dilma Rousseff (PT).

Para lideranças petistas, a ação envolve perseguição política com fins meramente eleitorais em ano de disputas municipais. Presidente estadual do PT, o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho declarou que o posicionamento do vice-procurador-geral só expõe “o ódio” que parte das pessoas tem da sigla. “Nem mesmo em uma crise sanitária e humanitária, como a que estamos vivendo, com a pandemia de coronavírus, consegue retirar destas pessoas o ódio doentio que nutrem contra o PT”, lamentou Marinho.

O PT completou 40 anos em fevereiro e passou a sofrer a partir de 2016 sua maior crise institucional, justamente com o avanço da Lava Jato e impeachment de Dilma. Apesar do cenário, Marinho mostrou otimismo com a possibilidade de o processo ser arquivado, avaliando que a acusação não tem base jurídica.

Mandatária nacional da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT) alegou, em nota, que é “ultrajante e fantasiosa a admissibilidade” do pedido, acrescentando que “não há provas nem indícios de que o PT tenha recebido recursos oriundos do Exterior”. “A decisão é arbitrária e política, sem amparo em fatos ou na realidade. O pretexto usado pelo MP Eleitoral é irreal.”

O presidente do PT de São Bernardo, Cleiton Coutinho, frisou que a ação já nasce contaminada, uma vez que foi movida por parlamentar ligado a Bolsonaro, que antagonizou com o PT na última eleição presidencial, em 2018. “O PT sempre enfrenta esse tipo de factoide em anos de eleição. Sabemos também que nestas ações aparecem parcelas do Judiciário, especificamente do MP, e que defendem interesses escusos da classe dominante no nosso País.” 




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