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A pé por Sampa
Por Christiane Ferreira
Do Diário do Grande ABC
24/04/2008 | 07:00
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A cidade de São Paulo, tão cantada em verso e prosa, pode assustar tamanha sua grandiosidade. Vista de um ângulo mais próximo, a grande metrópole esconde em algumas de suas ruas, esquinas e bairros muita história para contar.

Para quem não conhece todos os pontos do município, a dica é o livro Dez Roteiros Históricos a Pé em São Paulo, com apoio do PAC (Programa Ação Cultural), da Secretaria de Estado da Cultura.

Organizado pelo historiador Roney Cytrynowicz, o livro, dividido em dez capítulos, cada um descrito por uma pessoa que conhece bem cada canto da cidade, mostra passeios por igrejas e cemitérios; pelos bairros da Liberdade, Mooca, Bom Retiro, Jardim América; Centro Histórico; rios Pinheiros e Guarapiranga; e as galerias do Centro Novo.

"Este guia é um convite para andar a pé, passear e conhecer a história da cidade de São Paulo, com a proposta de recriar os caminhos que percorremos no nosso dia-a-dia e os olhares sobre eles - tornando a cidade cada vez mais uma experiência objetiva e subjetiva de nossa identidade pessoal e história coletiva", afirma Roney Cytrynowicz em trecho do livro.

Início - O Pátio do Colégio, onde tudo começou, foi o primeiro edifício construído pelos jesuítas na cidade, em 1554, e desempenhava funções de colégio e igreja. O prédio que existe atualmente é uma cópia da construção destruída no fim do século 19, reconstruída na década de 1970.

A igreja foi também o primeiro local de sepultamento cristão na cidade, já que até meados do século 19 os mortos eram enterrados dentro ou ao lado da igreja. Quem for até o local vai encontrar um manto que teria sido do padre jesuíta José de Anchieta e um baú com seus ossos, trazidos para São Paulo na década de 1980.

A Catedral da Sé, igreja matriz e principal da cidade, foi inaugurada em 1954, como parte das festividades do 4º Centenário da cidade. Foi construída no fim do século 16, e o motivo de ter sido erguida no local foi o fato de haver mortos enterrados ali.

Ao andar pela Líbero Badaró, em direção à rua São Bento, o pedestre vai se deparar com o primeiro arranha-céu paulistano: o Edifício Sampaio Moreira, projetado em 1924 pelo arquiteto Cristiano Stockler das Neves.

Ainda na São Bento, o visitante encontra a imponência do Edifício Martinelli, obra do imigrante italiano, de 1929.

Bairros - No bairro da Mooca, o passeio deve começar pelo Memorial do Imigrante, passando pela Universidade Anhembi-Morumbi, que antes funcionava como fábrica da Alpargatas, onde se fabricou o primeiro jeans brasileiro: US Top.

O trajeto pode continuar pelo metrô Bresser, passando pela antiga Cadeia Pública do Hipódromo, Rua dos Trilhos, por onde circulavam os bondes; Igreja do Bom Conselho, Largo da igreja São Rafael, além dos galpões abandonados na Avenida Presidente Wilson.

Primeiro bairro-jardim da cidade, o Jardim América foi inspirado na cidade britânica de Letchworth e no bairro-jardim de Hampstead, em Londres, ambos desenhados por Raymond Unwin e Barry Parker, os mesmos contratados para a criação do Jardim América em São Paulo.

Para conhecer melhor o Rio Pinheiros e a Represa Guarapiranga, a publicação sugere aproveitar os fins de semana e feriados, quando os trens estão vazios e é possível levar a bicicleta nos vagões.

Eternizada na canção Sampa, de Caetano Veloso, a Avenida São João é a mais paulistana das avenidas, com dois quilômetros de extensão, segue em linha reta com subidas e descidas, calçadões e praças, do Centro Velho aos bairros.

Testemunho de transformações urbanas desde o século 19, o bairro do Bom Retiro é um convite de passeio e de compras. Vale reservar um tempo para conhecer a Estação da Luz, o Parque da Luz, o Colégio Santa Inês e o tradicicional comércio de roupas da Rua José Paulino.

Serviço - Dez Roteiros Históricos a Pé em São Paulo - Editora Narrativa, 244 páginas, R$ 35.

Informações: 3333-1363 ou

www.narrativaum.com.br

História - A igreja do Mosteiro de São Bento foi erguida entre 1910 e 1922, período caracterizado pela paralisação das construções em geral, motivada pela Primeira Guerra Mundial.

- A Faculdade de Direito do Largo São Francisco, com estilo neocolonial e projetada por Ricardo Severo e Felizberto Ranzini, é de 1932/33.

- De 1909, a Casa da Bóia, na Rua Florêncio de Abreu mantém um pequeno museu.

No padrão inaugurado pelo Jardim América as ruas eram curvas; os lotes, de desenhos e tamanhos variados; as calçadas tinham faixa verde, assim como as esquinas, as quais freqüentemente havia um grande canteiro, até para uma praça.

Antes da canalização, o Rio Pinheiros serpenteava lentamente à maneira dos rios de planalto, em direção ao Rio Tietê. Em suas águas, paulistanos nadavam, entre eles os sócios do Esporte Clube Pinheiros, construído às suas margens em 1920.

A canalização do Rio Pinheiros e a construção das represas Guarapiranga e Billings foram parte de uma obra da empresa Light. A capacidade de gerar energia e a disponibilidade de transporte foram fundamentais para que se desenvolvesse a urbanização (iluminação e bondes) e a industrialização de São Paulo.




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