A estudante Paula Silva, 18 anos, seguia com amigas quando foi abordada por dois rapazes em moto no Jardim Aclimação, em Sto.André
A Polícia Civil está à procura dos responsáveis pela morte da estudante Paula Freitas Silva, 18 anos, baleada após entregar celular e bolsa a dupla de assaltantes, anteontem à noite, no Jardim Aclimação, em Santo André. A menina morava no bairro Clube de Campo e estava a caminho da escola.
O crime aconteceu na Rua Paulo Emílio Sales Gomes, altura do número 100. Por volta das 19h10, a jovem estava a caminho da escola, na companhia de uma amiga. Enquanto parou para usar o banheiro de bar que fica na rua ao lado, dupla que ocupava moto modelo XRE com dois rapazes armados abordou a colega, que esperava no muro da escola na companhia de duas meninas.
Segundo S.G.C., 17, uma das garotas que estava com Paula, os dois homens anunciaram o assalto às três amigas com gritos de “perdeu”. Quando S. viu que Paula saía do bar, tentou avisar sobre o assalto, para que continuasse no estabelecimento. No entanto, os homens foram até ela e pediram bolsa e celular. S. relatou que Paula entregou o aparelho para um dos rapazes e disse ‘tá bom, toma o celular’. O garupa ficou irritado e, por achar que a vítima ‘debochou’ dele, perguntou à menina se ela estava “tirando com a cara” dele e atirou contra seu peito. Em seguida, os assaltantes jogaram os pertences de Paula ao lado do seu corpo e fugiram.
Outra amiga da vítima, não identificada, também teve o celular roubado. De S., os criminosos levaram a mochila onde carregava o material escolar. Muito abalada, ela não quis conversar com a equipe de reportagem.
As amigas chamaram a polícia e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A jovem chegou a ser encaminhada para o Hospital Estadual Mário Covas, também em Santo André, onde foram feitas tentativas de ressuscitação, porém ela não resistiu.
O caso foi registrado no 4º DP (Jardim), mas as investigações estão sob responsabilidade do 6º DP (Vila Mazzei). A equipe do Diário conversou com investigador que acompanhou a perícia e, de acordo com ele, a equipe recolheu imagens de câmeras de segurança de casas e estabelecimentos locais e realiza diligências para encontrar os responsáveis.
Amiga de Paula, Tamires Moura da Silva, 21, lamenta: “Era a pessoa errada, na hora errada. A Paula era tranquila, calma, respeitosa e querida por todos que a conheciam. Foi uma fatalidade do destino. Uma vida, a troco de um celular”.
A equipe de reportagem ouviu a vizinhança, que relatou que o crime aumentou a preocupação com a violência no bairro, que sofre com reincidência de assaltos. No entanto, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que desde o início do ano, 54 criminosos foram presos em flagrante na região e cinco armas de fogo foram apreendidas.
O Diário tentou contato com a família, que não quis falar. Em entrevista à Record, a mãe da vítima, Lucineide de Freitas, disse que como o celular da filha era velho e estava com a tela rachada o ladrão não gostou. E afirma que espera por justiça.
Há um ano, aluno morreu em assalto
Há exatamente um ano, e no Dia do Estudante – celebrado hoje –, o adolescente Vinícius de Lima Vilela, 15 anos, perdeu a vida em caso semelhante ao de Paula. Ele também foi morto a caminho da escola, após reagir a um assalto.
O crime aconteceu na Rua Caminho da Educação, na Vila Ferreira. em São Bernardo. O pai da vítima, o pedreiro José Pereira Vilela, 53, morreu 16 dias depois, após cair do quarto andar do prédio em que morava. No dia 11 ele presenciou o assassinato do filho – às vésperas do Dia dos Pais.
Vinícius de Lima Vilela era aluno do 1º ano do Ensino Médio da EE (Escola Estadual) Professor Mario Osório e levou tiro nas costas a poucos metros da instituição de ensino. O crime ocorreu por volta das 6h45. No local, a vítima foi abordada por um motoqueiro, que anunciou o assalto. Nas imagens das câmeras de segurança da Prefeitura foi possível ver que Vinícius foi atingido por um disparo após sair correndo, na tentativa de fugir do assaltante. A investigação do caso ficou a cargo do 8ºDP (Alvarenga).
Assim como a menina Paula, Vinícius foi descrito como um garoto tranquilo, tímido e bastante educado.
Frequentador da Igreja Evangélica Deus é Amor, ele foi batizado pouco tempo antes do crime por escolha própria. Também tinha boa relação com a mãe, de quem cuidava devido à mobilidade reduzida.
Após intimidação, protesto pacífico promovido por amigos perde força
Cerca de 30 alunos e colegas de Paula se reuniram, na noite de ontem, em frente à Escola Estadual Paulo Emílio Sales Gomes, onde a jovem estudava – curso EJA (Escola para Jovens e Adultos), no período noturno –, para manifestação contra a morte da amiga. Com velas e oração em pedido de paz, o protesto pacífico foi tomado por apreensão, por causa de movimento intensa de motociclistas que tentavam intimidar o ato, o que fez com que mais participantes fossem embora por motivo unânime: medo.
Durante a ação, pessoas não identificadas tentaram amedrontar os jovens, já pelo lado de dentro do portão da unidade. O clima tenso e sensação de perigo tomou conta não só dos jovens, mas também de moradores de ruas próximas – e sem iluminação – da escola.
Viaturas das polícias Militar e Civil, além de equipe do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), realizaram ronda após a informação de dois assaltos iguais ao que causou a morte da garota. A denúncia era a de que dois homens em moto preta roubaram meninas às 19h10.
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