Em um vídeo divulgado na página do vereador de São Bernardo Julinho Fuzari (PPS), 44 anos, e que tem repercutido no meio político do Grande ABC, o policial militar Fábio Telles, aliado do popular-socialista, desfere duras críticas a figuras da região, inclusive com ataques pessoais aos possíveis concorrentes do colega, que tende a ser candidato a deputado estadual. A fala que mais chamou a atenção foi direcionada ao presidente da Câmara de Mauá, Admir Jacomussi (PRP). “Lá em Mauá, o prefeito (Atila Jacomussi, PSB) quer colocar o pai dele e anunciou pré-candidatura. Está doente, moribundo, de idade, não tem capacidade. Não é maldizendo, mas está debilitado. Ele quer impor que o pai seja o próximo deputado estadual.” Admir tem 69 anos.

Ao longo dos 15 minutos de vídeo, gravado no gabinete de Julinho, e com o parlamentar ao seu lado, o policial também direcionou ataques a Thiago Auricchio (PR), 24 anos, filho do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB). “Em São Caetano, o prefeito quer colocar o filho dele, um menino, criança, que não sabe nem o que é política, um garoto. Querem colocar uma criança, o filhinho dele. Não sei se tem idade para ser síndico ou vereador mirim. Nem amigo- secreto já comandou. Não sou expert em política, mas vejo que é lugar de homens, de sabedoria e inteligência.”

Em outro trecho, Telles condena a possibilidade cogitada de a presidente do Núcleo de Inovação Social e a primeira-dama do Paço de Santo André, Ana Carolina Barreto Serra, ser candidata, assim como o eventual pleito da primeira-dama de São Bernardo, Carla Morando (PSDB), à Assembleia Legislativa. Fato curioso é que Julinho é parceiro de primeira ordem e correligionário do deputado federal Alex Manente, aliado de Atila e Auricchio.

Atila pontuou que medidas judicias já estão sendo tomadas pelo pai ao citar que o vídeo é um desrespeito à história politica de Admir, além de ferir o Estatuto do Idoso. “Infelizmente, (Julinho e Telles) são funcionários públicos que, em vez de darem exemplos, desrespeitam a lei e exalam preconceitos. Essa postura demonstra que o Julinho não está preparado para assumir cargo público nenhum, porque quem desrespeita idoso, pai de família, não pode ocupar espaços importantes.”

Auricchio classificou os ataques como “lamentáveis”. “O radicalismo e a postura mal- educada não levam a lugar nenhum. Precisamos de políticos mais qualificados e é necessário ter bom-senso, saber atuar no ambiente democrático”, defendeu o tucano, que não descarta tomar ações judiciais.

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), por sua vez, manifestou solidariedade a Admir e Atila. “Esse tipo de atitude lembra a velha política, com absolutamente nenhuma proposta. Se alguém está doente, deve ser tratado com respeito. Repudio a atitude tanto do vereador quanto do policial. E me solidarizo com o Atila e com o pai dele, com a cidade de Mauá, que se sente ofendida por essas atitudes.” Prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB) destacou que as diferenças partidárias existem, mas que “o homem público precisa passar respeito e foram falas que não cabem de forma nenhuma no ambiente da democracia”.

Julinho alegou que as críticas estavam dentro de um contexto mais amplo. “Teve uma palavra ou outra mais pesada, mas não era essa a ideia. Vejo que o cenário político da região está sendo montado para evitar o surgimento de novas lideranças e essa foi a crítica principal do vídeo”, disse. Já Telles não respondeu aos contatos.