A cobrança pelo uso da água será determinante para amenizar o colapso anunciado de oferta na Região Metropolitana de São Paulo. A afirmação é do diretor da ANA (Agência Nacional das Águas), Benedito Braga, que aposta numa maior economia da população e indústria quando a legislação, já aprovada, entrar em vigor em todo o Estado.

O cidadão não pagará mais apenas pelo tratamento, mas também pelo produto in natura. “Na região do Alto Tietê, em São Paulo, o valor deve ser maior que o previsto (R$ 0,02 por m³) e ficar em torno de R$ 0,15. Num lugar onde há muito conflito, não se pode cobrar pouco. A taxa vai gerar recursos para que se possa fazer melhorias no sistema.”

Braga defende, ainda, projetos que utilizem a capacidade de produção do sistema Itatinga-Itapanhaú. “O custo de tratamento seria baixo, já que a água é de ótima qualidade. Há, ainda, o Rio Jequitiba, que forma o São Lourenço e é outro manancial a ser explorado.

Na lista de soluções cogitadas pela ANA, a água que resultará do sistema de flotação do Rio Pinheiros é a última das opções. “Essa não é uma alternativa para o abastecimento de São Paulo, de jeito nenhum. Há uma variedade de poluentes no rio que os sistemas de tratamento não retiram”, afirma o diretor.

Para o presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida), Virgílio de Farias, o objetivo único é a geração de energia. “Isso está claro, não sei por que o Estado insiste em dizer que o investimento é para abastecimento urbano. Para isso são necessárias outras medidas”, afirma.

A mais simples de todas as alternativas prevê a retirada do esgoto doméstico dos corpos d’água para que as nascentes se recuperem naturalmente e a capacidade dos mananciais volte a crescer. “Esse é o principal ponto: despoluir as bacias hidrográficas. A saída é investir no sistema de tratamento, em parceria com os municípios. Usar o Pinheiros para abastecimento só quando a tecnologia estiver num estágio mais avançado”, completa Braga.