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Morte e fugas no CDP Santo André
Por Artur Rodrigues e J.B.Ferreira
Do Diário do Grande ABC
11/09/2005 | 07:41
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Pelo menos um homem foi morto durante fuga de cerca de 15 presos pela porta da frente ocorrida na manhã de sábado, no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, em pleno horário de visita, às 8h30. Outros dois detentos teriam sido baleados pela Polícia Militar durante a fuga e não correm risco de morte. Mais três presos e dois agentes penitenciários foram encaminhados ao Centro Hospitalar da cidade, supostamente com ferimentos leves. Aproximadamente 50 detentos tentaram fugir do CDP superlotado - abriga 1.375 pessoas, mas tem capacidade para 512.

A versão da direção do CDP é que fugiram apenas cinco detentos e três deles tinham sido recapturados até o início da noite de sábado. Até o fechamento desta edição, no entanto, a contagem de detentos não havia sido finalizada. Fontes garantiram à reportagem que fugiram pelo menos 15 homens. Só entre os recapturados, no Centro Hospitalar de Santo André e no 4º DP da cidade, haviam seis homens.

Antes de fugir, os criminosos conseguiram passar por duas portas do CDP. Na segunda, armados, teriam dominado quatro agentes penitenciários. O preso que morreu teria sido baleado e morto depois de atirar contra um funcionário. Teria havido troca de tiros no pátio da saída do CDP.

Os cerca de 50 familiares de presos que estavam na detenção no momento da confusão dizem que os agentes atiraram em presos desarmados. "Eu vi eles atirarem em um preso no chão", diz Juliana de Oliveira Santos, 16 anos, que já havia passado pela revista na hora da fuga. Nenhuma arma supostamente usada pelos detentos havia sido apresentada à polícia até o fim da tarde de sábado.

O delegado Roberto Von Haydin, do 4º DP da cidade, solicitou a presença e as armas dos agentes penitenciários. Os funcionários do CDP também passariam por exames residuográficos, que constatará qualquer disparo com arma de fogo efetuado durante a fuga.

Familiares suspeitam de que os 15 fugitivos tenham pago pela liberdade a funcionários da carceragem. Segundo presos, as duas portas que dão acesso ao pátio da saída do CDP estavam abertas. "Vimos todo mundo correndo e duas gaiolas abertas. Pense bem, se você fosse preso, iria fugir também", observou um detento, recapturado em Santo André por PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar).

Ademir Gomes, que se identificou como membro da diretoria do CDP, afirma que no momento da fuga haviam poucos funcionários. Pelo menos um homem teria entrado "em choque" depois do incidente. "Agora, comigo, só há cinco pessoas aqui para cuidar de 1,3 mil presos", disse Gomes, pouco mais de uma hora depois da fuga, por volta das 10h.

Parentes dos detentos reclamam do tratamento dispensado por funcionários do CDP, que depois de prometerem uma lista com os foragidos e feridos, não o fizeram até as 18h de sábado. Hora em que foi divulgado outro prazo para que os familiares soubessem sobre seus parentes presos: terça-feira. Isso porque a visita havia sido cancelada. Mães, chorando, ainda continuavam a esperar notícia sobre os filhos no começo da noite de sábado.

A última morte de preso no CDP de Santo André ocorreu em uma tentativa de resgate seguida de rebelião, em agosto de 2002. Na época, já lotado, o CDP abrigava 935 pessoas. O aumento de detentos no CDP nos últimos três anos foi de 440 pessoas. (Colaborou Daniel Trielli)




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