A reduçao dos juro básicos da economia de 18,5% para 17,5% ao ano, taxa que o mercado esperava apenas no final do ano, vai afetar a rentabilidade dos grandes bancos e obrigá-los a mudar de estratégia, aumentando suas carteiras de crédito e a prestaçao de serviços, avaliam analistas. O movimento deverá acentuar-se ao longo do segundo semestre, coincidindo com o maior aquecimento da economia e com a reduçao dos compulsórios. "Sao fatores que, conjugados, devem aumentar a oferta de crédito", diz Marcelo Bessan, da KPMG.

"Para manter a lucratividade, os bancos terao de mudar, sair de títulos públicos e ir para crédito", diz Gilberto Pereira de Souza, da Corretora Sudameris. Souza está revendo para baixo a estimativa de lucro do setor neste ano. Sua estimativa, para os três maiores bancos privados e o Banco do Brasil, era de um retorno médio de 20% sobre o patrimônio líquido dessas instituiçoes. Bradesco e Itaú têm metade de suas aplicaçoes em títulos e o Unibanco, 40%. Até mesmo a disputa pelo Banespa deve ser afetada, pois o banco estatal, que tem uma carteira discreta de crédito, poderá ter um ágio menor. "Mas o interesse estratégico nao muda", disse Souza.

Já a reduçao do custo do crédito ajudará a melhorar a qualidade do tomador de empréstimos, aumentando o número de interessados. "Com juro alto, somente o paciente terminal procura crédito", diz Marcelo Bessan. A expectativa de melhora das condiçoes do País também incentiva a tomada de crédito, diz o sócio da KPMG. Ele lembra, porém, que "é impossível ao banco ter rentabilidade de crédito parecida à dos títulos, pois as perdas sao grandes".

Por isso, os bancos devem buscar outros serviços. "Haverá campanhas mais agressivas de seguros, fundos e aumento de algumas tarifas", prevê Gilberto Souza.