Empossada ontem como presidente da FUABC (Fundação do ABC), Cida Damaia admitiu que a instabilidade econômica freia impulso de expansão da entidade, com peça orçamentária global de R$ 2,1 bilhões – valor inferior apenas às receitas das prefeituras de São Bernardo e Santo André. Indicada pelo prefeito andreense, Carlos Grana (PT), para assumir a instituição pelo biênio 2016-2017, a dirigente falou que o cenário desfavorável modificou o panorama, embora o plano ainda seja de evolução. “Crescer sim, só que de forma sustentável, senão coloca em risco o Orçamento. Obviamente que impacta. Existem contratos de gestão (de equipamentos de Saúde). Financeiro tem de ser garantido.”

Apesar da crise apontada, Cida, ex-secretária adjunta da Saúde andreense, pretende reunir-se nos próximos dias com titulares da Pasta no Grande ABC e definir caminhos graduais às cidades envolvidas. “Temos de levantar metas e tentar juntar forças. Dentro da região, há possibilidade (de crescimento) em Ribeirão Pires e Diadema, por exemplo”, sinalizou. Segundo a nova presidente, as prefeituras têm demonstrado dificuldade, inclusive, para fazer o repasse à fundação. “Nada, porém que afete o funcionamento. Estão honrando o compromisso. Com esse quadro, agiremos com cautela, de maneira responsável.”

A cerimônia da passagem formal de bastão ocorreu no Teatro Municipal de Santo André. Assistente social de formação e sanitarista, Cida substitui no cargo Marco Antonio Santos Silva (PMDB), que ficou no mandato desde 2014, sob indicação do prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), também presente no ato. A representação é bem semelhante, com troca de cadeiras na direção. Marco Antonio vira secretário-geral e Mauricio Mindrisz (PT) se mantém como vice-presidente. O evento contou ainda com a presença do ex-ministro da Saúde Arthur Chioro (PT).

Cida é a quarta mulher a comandar a fundação, integrando lista que já tinha Márcia Sayeg, Margareth Tangerino e Vânia do Nascimento. Funcionária de carreira há 23 anos na Saúde de Santo André, ela destacou a transparência da entidade, rebatendo críticas sobre ser cabide de emprego político. “A FUABC é coerente, auditada mensalmente pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). O RH é totalmente controlado. Há (servidora da) promotoria que trabalha praticamente dentro da instituição, que só não tem sala por exercer outras funções”, disse, ao acrescentar que auditores chegam a pedir relatório nos municípios e comparecem no local de atuação. “Não compactuo com isso.”

Grana ironizou a especulação prévia sobre sua indicação ao posto, dentro do rodízio entre as cidades. “Uma hora era A, B ou C. Escolhi pessoa técnica. A fundação é referência de gestão, com 49 anos. Ideia é trilhar rumo de expansão.”

Chioro retorna à Unifesp e evita tecer críticas a sucessor na Saúde

Ex-ministro da Saúde e ex-secretário da Pasta de São Bernardo, Arthur Chioro (PT) retomou ontem as atividades de professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), na Escola Paulista de Medicina. Em evento Santo André, o petista pontuou que antes de assumir o cargo no governo Dilma Rousseff (PT) passou no concurso público, sendo “chamado exatamente poucos antes de a presidente” formalizar o convite. “Assumi e fui cedido. Reassumi a atividade de docente, dia 5 de novembro.”

Chioro ficou um ano e nove meses em Brasília. Foi demitido por Dilma por telefone. O ex-ministro evitou críticas ao seu sucessor na Pasta, Marcelo Castro (PMDB), que declarou, recentemente, que o País está perdendo a “guerra” contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e do zika vírus. O petista sustentou que entrará em período de quarentena, finalizada apenas em abril. “É fundamental não falar com emoção. Deslocar-se do papel de gestor. Se não der esse período de afastamento a chance de confundir papéis é grande.”