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Região fecha 2015 com alta de 556,3% nos casos de dengue

Foram registradas 7.384 ocorrências ao longo do ano passado, contra 1.125 em 2014

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
07/01/2016 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC


O mosquito Aedes aegypti foi protagonista do verão 2015, transmitindo dengue autóctone (contraída no município de residência da pessoa) para 7.384 moradores do Grande ABC, número 556,3% maior ao registrado no ano anterior, quando foram contabilizados 1.125 casos.

Além disso, sete vítimas foram fatais no ano passado, sendo duas em Santo André (que registrou ainda morte por um caso importado, de Tambaú, no interior de São Paulo); duas em Diadema; duas em São Caetano e uma em Mauá, que demorou a ser relacionada com a dengue em virtude de outras doenças que ocorreram simultaneamente no paciente. Em 2014, apenas São Bernardo registrou um óbito.

Já o zika vírus, também transmitido pelo mesmo inseto, não acometeu nenhum morador da região. Quatro casos de microcefalia são investigados para verificar se há relação com o mal: dois em Santo André e dois em Diadema – outros dois foram descartados. No País, estão em investigação 3.174 suspeitas. Ontem, na Capital, foram confirmados três casos importados.

Na região, a cidade são-bernardense contabilizou o maior número de infectados por dengue: 2.816, seguido por Diadema, com 2.309; Santo André, com 1.377; Mauá, com 521; São Caetano, com 340 e Ribeirão Pires, com 21. Rio Grande da Serra não registrou nenhuma ocorrência nos dois últimos anos.

Com tantos casos, a população tem convivido com o receio do mosquito, sentimento que está presente na família do administrador de empresas Fábio Mesquita de Oliveira, 41 anos, morador da Vila Eldízia, em Santo André. Na noite de terça-feira, ele encontrou três insetos. O primeiro, pousou no braço do filho Enzo, 10. “Um eu esmaguei na parede e os outros dois levei para o Corpo de Bombeiros, no CHM (Centro Municipal Hospitalar), na Vigilância Sanitária e na GCZ (Gerência de Controle de Zoonoses). Em todos, disseram que eram o Aedes aegypti”, falou.

A Secretaria de Saúde andreense confirmou que se trata do Aedes aegypti e que emitiu laudo ao munícipe. Oliveira, porém, nega ter recebido o documento.

Após contato do Diário, agentes foram até a residência do munícipe, que mora ao lado do Parque Central. A Prefeitura informou que ao longo desta semana equipes realizam o monitoramento casa a casa no entorno do parque.

Projeto indica uso de planta tóxica

O deputado federal Alex Manente (PPS) encaminhou à União, através de indicação, proposta de programa de distribuição da semente da planta tóxica crotalária para controlar os casos de dengue. Em 2013, quando era deputado estadual, o parlamentar elaborou projeto de lei com o pedido ao Estado.

A proposta foi vetada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) por não haver eficácia científica comprovada da ação. Ainda assim, o parlamentar acredita que essa é a maneira “mais barata e segura de combater a proliferação do mosquito”. Isso porque a crotalária atrai libélulas que se alimentam das larvas e mosquitos Aedes Aegypti.

A professora do Departamento de Ciências Biológicas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Aline Corete explicou que não há estudos científicos que comprovem a eficácia da ação. “As medidas preventivas de evitar água parada devem continuar, independentemente de qualquer coisa”, disse a bióloga Iracema Crusius, do Conselho Regional de Biologia.

O projeto de Manente tem como base programa da cidade de Sorriso, no Mato Grosso, que plantou crotalária em 2011 e não registrou casos de dengue naquele ano. A medida, no entanto, não teve continuidade porque não se mostrou viável, segundo a prefeitura.
 




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