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Empreiteira deixou fio em poste que eletrocutou e matou estudante
Renato Castroneves
Especial para o Diário
25/09/2010 | 07:01
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A Prefeitura de Santo André e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) afirmam não ter responsabilidade sobre a instalação do ponto de energia irregular que ocasionou a morte do estudante Murilo Duvilho Quartarolo, 18. Ele foi eletrocutado anteontem à noite após encostar em um poste no Largo da Vila Luzita, em Santo André.

A Polícia Civil investiga o ocorrido. Um fio desencapado usado pela empresa Emparsanco, contratada do Semasa para realizar obras antienchente no bairro, teria causado a morte do estudante. Procurada pelo Diário, a empreiteira não comentou o assunto.

Peritos criminais estiveram no local ontem à tarde. Análise preliminar indicou situação "ao menos de negligência". A fiação ilegal deveria ter sido retirada do poste. Em vez disso, o fio foi cortado ao meio e largado, descascado, em contato com o instrumento metálico - que favorece a circulação de eletricidade.

A extensão elétrica está ligada em um poste de energia localizado na calçada oposta da Avenida Capitão Mário Toledo Camargo. Comerciantes da região confirmaram que o "gato" servia para iluminar objetos que identificavam bloqueio no cruzamento entre as avenidas Capitão Mario Toledo Camargo e São Bernardo do Campo. "Os cones foram retirados na quarta-feira (15) da semana passada, quando liberaram a via", disse o vendedor Carlos Vandré, 19.

O delegado titular do 6º Distrito Policial do município, Sérgio Simionato, responsável pelo caso, afirmou que irá convocar representantes da Prefeitura, do Semasa e da empresa terceirizada para prestar esclarecimentos. "Quero saber por que o fio desencapado foi deixado naquele local. Outro ponto importante é conhecer quem usava a instalação (elétrica)", disse o delegado.

SOCORRO
A acusação de negligência por parte de médicos do Posto de Saúde da Vila Luzita, local onde Murilo foi socorrido, também foi desmentida pela administração.

"Pedi ajuda aos médicos para colocar o Murilo numa maca, mas ninguém fez nada. Tive de carregá-lo até a sala de emergência. Tenho certeza que ele morreu lá dentro, pois ainda estava respirando quando chegamos", disse Bruno De Aro, 19, amigo da vítima.

O motorista que ajudou a socorrer a vítima deu outra versão do atendimento em depoimento à polícia. Claudecir Jacinto, 43, teria carregado Murilo no seu colo até o interior do PS.


Murilo caminhava rumo à escola com amigo
Alunos e professores da Escola Estadual Clotilde Peluso, na Vila Luzita, lamentaram a morte de Murilo Duvilho Quartarolo. Os colegas entrevistados pelo Diário definiram o amigo em duas palavras: carinhoso e dedicado.

Na noite do acidente, Murilo caminhava com o amigo Bruno para mais um dia de aulas no colégio. Ele cursava o último ano do Ensino Médio e tinha o sonho de entrar na faculdade.

"O Murilo era aquele tipo de garoto que é querido por todos os alunos. Era um dos poucos que se aproximava da gente para perguntar se estava tudo bem. Vou lembrar dele como um aluno e um garoto sempre dedicado", falou a professora de Biologia Marlise Cabral de Barros.

Filho único, morava com a mãe e o padrasto. Além dos estudos, trabalhava como auxiliar de marceneiro.

A ex-namorada Flávia de Souza Camargo, 23, lembra do garoto com saudade. "Vou sentir muita falta do Murilo. Estávamos separados há um tempo, mas sempre nos falávamos porque ele era muito extrovertido, uma ótima pessoa e companhia", definiu.

Segundo familiares, que pediram para não ser identificados, o velório e o enterro foram pagos pela Prefeitura de Santo André.

O prefeito da cidade, Aidan Ravin, e cerca de 300 crianças realizaram um minuto de silêncio, ontem à tarde, em memória do estudante. O ato aconteceu na calçadão da Rua Coronel Oliveira Lima.

 




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