Apesar de diminuto, o público que prestigiou o concerto especial que a Filarmônica Vera Cruz fez na manhã de ontem em homenagem ao Dia das Crianças na Chácara Silvestre, em São Bernardo, demonstrou animação contagiante. Cenário descontraído que pode até surpreender os que têm pouco contato com o mundo da música de concerto, mas que não representava novidade alguma para as famílias que trabalham para diversificar a formação dos pequenos desde os primeiros anos de vida.

Era o caso do gerente de qualidade Ipoty Moraes Junior, 30 anos. Acompanhando a filha caçula, Gabriela, 2, ele se empenhou para que a experiência da garota fosse o mais divertida possível. "Eu e minha mulher temos o cuidado de tentar expandir as informações que ela e a irmã recebem. Aliás, desde a gravidez a gente procurou reproduzir todo tipo de música", diz Moraes. A cada movimento alegre que a formação produzia, o pai pulava e girava com a garota nos braços. Para quem assistiu ao concerto ao lado deles, difícil era dizer quem dos dois estava mais alegre.

A canção principal, que encerrou o concerto foi "Pedro e o Lobo", de Sergei Prokofiev, composta em 1936. A obra, que acompanha a fábula infantil, tem imenso valor para os que dão os primeiros passos no universo da música de concerto, já que cada um dos personagens da história é representado por um instrumento diferente e a interatividade é estimulada a quase todo momento.
 
"É uma peça tão bonita e que contagia qualquer pessoa. Gosto que as crianças possam ver de perto os músicos e os instrumentos e se sentirem de fato mais próximas. Tem tanta bobagem sendo exibida por aí. É importante que saibam que há mais do que música de novela", diz o maestro titular da Vera Cruz, Júlio Medaglia.

O concerto também conseguiu reunir núcleos familiares quase que completos no gramado em frente ao palco da Chácara Silvestre. Com a ‘desculpa' de levar Valentina, 2 anos, ao segundo concerto da vida, os pais, a engenheira Daniela Zancarini Ferrantte Miguel e o músico Fabrício Miguel, prepararam um pequeno piquenique. Completaram a comitiva as avós Sirley Zancarini Ferrantte e Aurora Martinez Miguel, que improvisaram uma animada brincadeira de roda ao fim do concerto. "Com um pai do ramo, a música está na veia dela, não tem jeito. Minha mãe a levou para ver a orquestra uma outra vez e ela gostou demais", afirma, orgulhosa, Daniela.